Maquiavel, com sua sabedoria política incomparável, afirmou que as repúblicas mal fundadas procuram, ao longo dos tempos, muitas vezes por séculos, encontrar um caminho mais adequado, mudando, a todo momento, suas leis e instituições. Em vez de encontrá-lo, elas se afundam no erro e no extravio. O Brasil, seja enquanto Estado independente, seja como república, foi muito mal fundado por razões que não cabe aqui alinhar. O País confirma a tese de Maquiavel: está preso por um cipoal interminável de leis e por um processo sem-fim de mudanças constitucionais, atolando-se cada vez mais em impasses.
O debate sobre a reeleição entra nessa lógica desastrosa. O raciocínio é mais ou menos este: “Se existe uma crise, se as coisas não estão funcionando bem, vamos trocar de camisa”. Os políticos não conseguem perceber que a solução não está na mudança inconsequente. Em muitos casos, a solução consiste em fazer as instituições existentes funcionarem. Claro que reformas estruturais são necessárias, principalmente aquelas que visam remover os perpétuos mecanismos da desigualdade e da privatização do poder e do orçamento. Mas, voltando a Maquiavel, ele observa que as repúblicas bem fundadas eram aquelas estáveis e perduráveis.
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