Opinião
O retrocesso Temer e o desastre Bolsonaro não podem ser atribuídos ao instituto da reeleição
O que se pode dizer em favor da reeleição é que se trata de um instituto ainda muito novo para dizer que não funciona
Maquiavel, com sua sabedoria política incomparável, afirmou que as repúblicas mal fundadas procuram, ao longo dos tempos, muitas vezes por séculos, encontrar um caminho mais adequado, mudando, a todo momento, suas leis e instituições. Em vez de encontrá-lo, elas se afundam no erro e no extravio. O Brasil, seja enquanto Estado independente, seja como república, foi muito mal fundado por razões que não cabe aqui alinhar. O País confirma a tese de Maquiavel: está preso por um cipoal interminável de leis e por um processo sem-fim de mudanças constitucionais, atolando-se cada vez mais em impasses.
O debate sobre a reeleição entra nessa lógica desastrosa. O raciocínio é mais ou menos este: “Se existe uma crise, se as coisas não estão funcionando bem, vamos trocar de camisa”. Os políticos não conseguem perceber que a solução não está na mudança inconsequente. Em muitos casos, a solução consiste em fazer as instituições existentes funcionarem. Claro que reformas estruturais são necessárias, principalmente aquelas que visam remover os perpétuos mecanismos da desigualdade e da privatização do poder e do orçamento. Mas, voltando a Maquiavel, ele observa que as repúblicas bem fundadas eram aquelas estáveis e perduráveis.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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