Esther Solano

esther@cartacapital.com.br

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Unifesp

Opinião

O Jesus de Bolsonaro… E o da Mangueira

Um mata e destrói, o outro ressuscita

O Jesus de Bolsonaro… E o da Mangueira
O Jesus de Bolsonaro… E o da Mangueira
Na comissão de frente da Mangueira, Jesus ressurgia da favela (Foto: Gabriel Nascimento / Riotur)
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O Jesus de Bolsonaro mata. O Jesus da Mangueira vive.

O Jesus de Bolsonaro quebrou a placa de Marielle.

O Jesus da Mangueira estava no carro com ela e também morreu baleado.

O Jesus de Bolsonaro lapidaria uma mulher que faz aborto.

O Jesus da Mangueira luta pelo aborto legal no SUS.

O Jesus de Bolsonaro condena ao fogo do inferno o amor LGBT.

A Jesus da Mangueira é uma trans.

O Jesus de Bolsonaro é um homem branco que espanca e ata um menino negro num poste da Zona Sul do Rio de Janeiro.

O Jesus da Mangueira é o menino negro.

O Jesus de Bolsonaro é um homem de bem.

A Jesus da Mangueira é uma mãe negra que enterrou seu filho.

O Jesus de Bolsonaro mora na mansão do Véio da Havan.

O Jesus da Mangueira mora numa favela.

O Jesus de Bolsonaro queima a floresta.

O Jesus de Mangueira é a floresta.

O Jesus de Bolsonaro aplaudiu a morte da menina Ágatha no Complexo do Alemão.

A Jesus da Mangueira é a menina Ágatha.

O Jesus de Bolsonaro recolhe o dízimo em um templo da Igreja Universal.

O Jesus da Mangueira expulsa os vendilhões do Templo.

O Jesus de Bolsonaro irá à manifestação de 15 de março.

A Jesus da Mangueira esteve na manifestação de 8 de março.

O Jesus de Bolsonaro entra no Congresso com a Bíblia na mão.

O Jesus da Mangueira entra com a Constituição.

O Jesus de Bolsonaro condena.

O Jesus da Mangueira salva.

O Jesus de Bolsonaro viaja no carro de Paulo Guedes.

O Jesus da Mangueira na bicicleta do entregador do Ubereats.

O Jesus de Bolsonaro odeia e destrói.

O Jesus da Mangueira ama e luta.

O Jesus de Bolsonaro é um fascista.

O Jesus da Mangueira meteria um bom soco num fascista.

No fundo o Jesus de Bolsonaro é um covarde. Deus me livre dele.

O Jesus de Bolsonaro mata todo dia o Jesus da Mangueira.

Mas o Jesus da Mangueira ressuscita todo dia.

O Jesus de Bolsonaro decidiu matar, mas o Jesus da Mangueira teima em não morrer.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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