Opinião

O futuro sem Jair Bolsonaro

Enroladinhos na bandeira em manifestações, digam: que paixões ou ignorâncias os moveram dentre as canalhices de Regente Insano Primeiro?

Foto: Sergio Lima / AFP
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Ôceis aí enroladinhos na bandeira brasileira em manifestações a favor do Regente Insano Primeiro (RIP), ou com elas tremulando nas janelas de seus automóveis, ou ainda impedindo nosso direito de ir e vir bloqueando estradas com os caminhões dos seus patrões, digam lá: que paixões ou ignorâncias os moveram dentre as canalhices de RIP?

1) os vinte oito anos de inatividade parlamentar pelo Rio de Janeiro;

2) sua “superioridade” diante do preparo intelectual e o equilíbrio de Fernando Haddad, mesmo que admoestados sobre o futuro do Brasil sob sua agressividade;

3) o encantamento com Sérgio Moro e a República de Curitiba, que sustentados pelos poderes Legislativo, Judiciário e “mídia distraída” inculcaram no povo uma corrupção petista nunca claramente comprovada;

4) Lula impedido de concorrer, RIP foi eleito presidente da República, em 2018, por uma diferença de 10,5 milhões de votos (55 x 45%);

5) seus primeiros atos foram de incrível importância: extinguir o horário de verão, liberar geral a venda de armas, juntar-se a um empresário fantasiado de papagaio;

6) tratar a imprensa, principalmente jornalistas mulheres, de forma agressiva e xingamentos;

7) após quatro anos desastrosos no poder incumbente, destroçando o país no plano interno e fazendo-o menor no externo, RIP, vaidoso e confiante em que imbecis fantasiados de verde e amarelo, politicamente iletrados, o apoiariam sem entenderem bem o porquê;

8) fazendo uso de uma pandemia, em que pouco fez para minorá-la, pelo contrário, causando 700 mil óbitos até aqui, a pobreza extrema crescendo, aos 45 minutos do segundo tempo, para escamotear o fracasso da economia, utilizou de artifícios vários para provocar uma derrama de dinheiro orçamentário e eleitoreiro para obter a reeleição;

9) apesar de coibido por importantes e qualificados agentes democráticos, RIP e asseclas tentaram ações contra o Estado Democrático de Direito, e nem as Forças Armadas, explicitamente, o bancaram (já que nem mesmo nas casernas ele nunca foi bem-quisto), e se candidatou à reeleição;

10) o fato de a eleição para presidente da República ter sido disputada em dois turnos e, finalmente, decidida por margem porcentual apertada, representando pouco mais de dois milhões de votos de diferença, abriu-se discussão sobre o futuro político do derrotado.

Apesar de os fatos acima relatados serem econômicos e muito distantes do descalabro que foi a gestão de RIP nos últimos quatro anos, e não responderem à constatação do jornalista Mino Carta de “o Brasil estar perdido na vã busca de decifrar a si mesmo”, final da vida, ainda espero que jovens pesquisem, elaborem teses sociológicas e políticas, deformações antropológicas, e que façam os derrotados terem leve percepção da causa que compraram.

Enfim, o futuro de Jair Messias Bolsonaro será o que sempre foram seus passado e presente: um nada. Não o temam ou a seus milicianos.

Como sugestão, comecem por ler o livro As doenças do Brasil (Biblioteca Azul, 2021), do português Valter Hugo Mãe. No prefácio da linguista, escritora e professora Conceição Evaristo, saberás da “peleja entre o eu colonizador e do outro colonizado, que não aceita ser inventado pelo invasor”.

Situem-se.

Boa sorte e inté.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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