O chororô de Dallagnol

A acusação de uma perseguição política aos juízes da Lava Jato não resiste aos fatos. No Brasil, é o Poder Judiciário que controla a si mesmo

O deputado cassado Deltan Dallagnol. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

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Nos últimos dias, dois episódios sem conexão aparente entre si trouxeram à baila a recorrente discussão acerca dos limites da intervenção judicial e do eventual controle e responsabilização dos magistrados por suas decisões. A disputa que Elon Musk travou com o Supremo Tribunal Federal, pelos ataques diretos proferidos contra o ministro Alexandre de Moraes, rendeu assunto na imprensa nacional e internacional que apontou a suposta “autoridade descomunal” do tribunal sobre a vida dos brasileiros.

Por outro lado, a determinação de afastamento da juíza Gabriela Hardt e de outros três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, decorrente de correição conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça, “passa a mensagem de perseguição política a juízes e desembargadores que atuaram na Lava Jato”, segundo o ex-procurador da operação Deltan Dallagnol. Guardadas as discrepâncias entre um e outro caso, pode-se dizer que no primeiro se reclama o controle de que se desdenha no segundo.

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2 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 21 de abril de 2024 05h55
Deltan Dallagnol, numa mensagem patética e sabuja no X de bilionário Elion Musk ao próprio, de que teria sido perseguido pelo PT e também pelo STF de que teria sido vítima autoritarismo e de vingança. Cassado, Dallagnol age como um franco atirador para tentar salvar-se, mas sem respaldo. Talvez queira demonstrar “solidariedade” com quem tramou o tempo todo, Hardt e Moro, a tentar reverter o jogo, como se o empresário sul africano que mora nos EUA tivesse algum poder sobre o Brasil, ou mesmo para causar algum factóide político junto ao seu eleitorado ou junto ao eleitorado bolsonarista. Quanto ao Poder Judiciário que é monitorado e fiscalizado pelo CNJ, o episódio de Gabriela Hardt e demais desembargadores no julgamento administrativo que ocorreu salta aos olhos o ativismo judicial e político do ministro Luís Roberto Barros, que deveria guardar mais sobriedade, liturgia do cargo de presidente do CNJ ao invés de atacar frontalmente o relator ministro Luís Felipe Salomão tão insidiosamente. Barroso que reclamou tanto nos embates com Gilmar Mendes no STF, comportou-se como um jovem pueril estudante de direito a defender uma juíza indefensável que homologou a destinação de um fundo indevido. Suas fundamentações foram contraditórias, injustificáveis e pueris no CNJ.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 23 de abril de 2024 02h09
É sabido até pelo mundo mineral, como diz Zio Mino Carta, que Dall’Agnol padece de um arraigado complexo messiânico. Portanto, quem não concorda com ele e seus métodos o persegue. Temos vários exemplos na história, a começar por Luís XIV, que se dizia o Sol…

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