

Opinião
O Brasil no Real
Vinícius Jr., apesar da pouca idade, alcança um protagonismo impressionante no melhor time do mundo


Em meio ao drama turco-sírio, o esporte surgiu, no noticiário, na declaração desolada do dirigente de um dos times que abandonaram o campeonato por lá: “Não podemos nem falar em futebol”. Por aqui, em meio às novidades do novo governo, temos, no esporte, o ministério nas mãos campeãs de Ana Moser.
Dentre os desportistas em atuação direta na política, Ana foi umas das que conseguiram, alguns anos atrás, o resultado com mais consequências: a aprovação da limitação de apenas uma reeleição para dirigentes de entidades esportivas que recebem dinheiro público.
Em suas declarações como ministra recém-empossada, Ana tem dito que seu objetivo é perseguir o enunciado da posição que conseguimos após as eleições para a Constituinte de 1988: “Esporte, direito do cidadão, dever do Estado”. Excelente ponto de partida e de chegada.
Temos lembrado algumas vezes por aqui da necessidade de o Brasil ter um plano geral que reflita um pensamento sobre o esporte em todas as suas dimensões: da iniciação ao alto rendimento e à profissionalização. Seria uma espécie de Sistema Único de Saúde (SUS) dos esportes: o Sistema Único do Esporte (SUE).
Alguns países, como os Estados Unidos, têm um plano geral baseado na formação e no foco nas universidades. Outros, como a China, também possuem uma visão abrangente do esporte.
E, seguindo a sabedoria popular, “enquanto o pau quebra, descansam-se as costas” e o esporte vai nos ajudando a superar as agruras. Uma das alegrias veio das vitórias da Seleção sub-20.
No domingo 12, o Brasil conquistou o Campeonato Sul-Americano masculino Sub-20 ao vencer o Uruguai, em Bogotá. Foi o 12º título da Seleção Brasileira na competição. A Seleção classificou-se, assim, para a Copa do Mundo da Fifa na categoria, a ser disputada entre maio e junho na Indonésia.
Dentre os vários bons nomes da equipe destaca-se o jovem vascaíno Andrey, reconhecido como o melhor do torneio. Infelizmente, já foi transferido para o Chelsea, da Inglaterra.
Muito se tem falado sobre a disparidade decorrente da hiperconcentração dos investimentos do futebol. Aventam-se até punições pela quebra do fair-play financeiro dos clubes mais poderosos. Algumas das reclamações têm partido dos clubes italianos. Outrora os que mais atraíam os profissionais do futebol, muitos desses clubes têm vivenciado um declínio nas últimas temporadas.
O campeonato italiano segue pelo meio, com o Napoli na liderança, com vantagem de 15 pontos sobre o segundo colocado, a poderosa Inter de Milão. Vemos em campo as contradições entre o time do Sul, mais pobre, e o do Norte, mais rico, mas cambaleante.
Na França, o clube-seleção Paris Saint-Germain tenta – em crise, talvez – avançar na cobiçada Champions League, ao mesmo tempo que cresce a cobrança – proporcional ao custo do maior elenco no mundo.
Ainda no que diz respeito à Champions, acompanhamos esta semana a notícia dos desdobramentos da confusão subdesenvolvida protagonizada pelos torcedores do Liverpool e do Real Madrid na decisão do campeonato, no ano passado, no badalado Stade de France, em Paris.
Uma investigação nomeada pela Uefa, organizadora da competição, concluiu que a entidade máxima do futebol europeu foi a principal responsável pelo desastre, devido a falhas de segurança. A investigação inocentou os torcedores do Liverpool, que haviam sido culpados pela entidade.
Também da Europa chegou a relação anual da Federação Internacional de Futebolistas Profissionais dos melhores jogadores em atividade. E a lista provocou protestos de Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, que saiu em defesa de Vinícius Jr., injustamente deixado de fora.
O “brasileirinho”, apesar da pouca idade, vem botando para quebrar. Em forma espetacular, está alcançando um protagonismo impressionante no melhor time do mundo.
Pelos nossos lados, além do Sub-20 na Colômbia, outro título a ser registrado é o bicampeonato feminino brasileiro alcançado pelo Corinthians. Trata-se de um time sensacional, de técnica parelha com o masculino.
O destaque da semana no Brasil foi mais um gol incrível, do meio da rua, do argentino Germán Cano, na vitória do Fluminense por 2 a 0 sobre o Vasco, no domingo 12, no Maracanã. Assim, com uma série de gols espetaculares e afiadíssimo em suas virtudes de finalizador exímio, Cano é o melhor jogador deste início de temporada brasileira. •
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1247 DE CARTACAPITAL, EM 22 DE FEVEREIRO DE 2023.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “O Brasil no Real”
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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