Jaques Wagner

sen.jaqueswagner@senado.leg.br

Senador (PT-BA). Foi governador da Bahia (2007-2015) e ministro do Trabalho (2003-2004), Defesa (2015) e Casa Civil (2015-2016).

Opinião

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O Brasil está de volta

E o ressurgimento do País não poderia ter acontecido de modo mais simbólico do que presenciando Lula subir a rampa do Planalto de braços dados com o povo

O Brasil está de volta
O Brasil está de volta
Foto: Sergio Lima / AFP
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O início de um novo ano sempre nos inspira a renovar as esperanças e a desejar que um ciclo de crescimento se estabeleça em nossas vidas. Só que, desta vez, o mundo inteiro acompanhou a chegada de 2023 com uma única certeza: “O Brasil está de volta”. A frase, dita por Lula durante a COP 27, no Egito, se materializou em uma grande celebração no último dia 1º de janeiro, quando ele foi novamente empossado presidente da República. E o ressurgimento do País não poderia ter acontecido de modo mais simbólico do que presenciando Lula subir a rampa do Planalto de braços dados com representantes da sociedade civil e exaltando toda a diversidade do povo. Essa cena ficará marcada para sempre na história.

O Brasil voltou a se enxergar, a se reencontrar e a celebrar o fato de que, agora, temos novamente um líder que governará para todas e todos, “olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância”, como o atual presidente ressaltou. Brasília voltou a ser ocupada por sorrisos de alívio, gritos de esperança e tomada por brasileiras e brasileiros de todos os cantos, testemunhas desse importante capítulo. Naquele 1º de janeiro, Lula fez questão de reafirmar que “a alegria tomou posse do Brasil, de braços dados com a esperança”.

O Brasil voltou para ouvir o presidente Lula pedir que essa alegria “seja a matéria-prima da luta de amanhã e de todos os dias que virão e que a esperança fermente o pão que há de ser repartido entre todos”. E que, na luta pelo bem do Brasil, usemos “as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio”. O País voltou a reunir todas as condições para tornar a ser uma potência ambiental e a liderar globalmente as discussões sobre o enfrentamento às mudanças climáticas. Teremos novamente uma gestão ambientalmente responsável, capaz de incentivar a bioeconomia e empreendimentos da sociobiodiversidade, investir na agricultura familiar e fomentar uma indústria cada vez mais verde.

O Brasil voltou para ver o presidente Lula, no seu primeiro dia de governo, editar uma série de decretos que, entre outras coisas, abre espaço para a reestruturação do Conselho Nacional do Meio Ambiente, revoga a decisão que flexibilizava as leis de combate ao garimpo ilegal e ainda restabelece o Fundo Amazônia. Com esse dispositivo criado por Lula em 2008, serão destravados os 3,3 bilhões de reais disponíveis e devemos receber novos repasses para fortalecer ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento da maior floresta tropical do mundo.

O Brasil voltou para reconhecer a grandeza e valorizar a importância dos nossos povos originários. Para isso, de maneira inédita, Lula criou o Ministério dos Povos Indígenas e deixou claro que a estes brasileiros e brasileiras “devemos respeito e com eles temos uma dívida histórica”. Com a recriação do Ministério da Promoção da Igualdade Racial, o Brasil voltou a ser um país comprometido com o enfrentamento ao racismo. O órgão vai ampliar a política de cotas nas universidades e no serviço público, além de retomar políticas voltadas ao povo negro na saúde, na educação e na cultura. O presidente fez questão de dizer que temos o dever de “enterrar a trágica herança do nosso passado escravista”.

O Brasil voltou a ter um Ministério da Cultura. A refundação do MinC reacende a esperança num setor produtivo que emprega milhões de brasileiros e brasileiras, e concretiza o restabelecimento de políticas de incentivo e acesso aos bens culturais, interrompidas pelo cenário perverso de perseguição à cultura e aos nossos artistas nos últimos anos.

É chegada a hora, portanto, de abraçarmos o desafio de reconstruir este ­país. A realidade que se apresenta não é nada fácil, uma vez que os buracos deixados no orçamento pelo governo anterior são enormes, além do desmonte criminoso da rede de proteção social que construímos. Por isso, e por tantas outras razões, acredito que 2023 será inteiramente dedicado a organizar a casa e a recolocar as coisas em seus devidos lugares.

Essa missão deve ser encarada com trabalho, união e muito diálogo. Tenho certeza de que, sob a liderança de Lula, vamos conseguir devolver a esperança ao povo e fortalecer cada vez mais a nossa democracia. Pois como lembrou o próprio presidente: “Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!”. E assim será, pois o verdadeiro Brasil, aquele que pertence a todos nós, enfim está de volta. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1241 DE CARTACAPITAL, EM 11 DE JANEIRO DE 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “O Brasil está de volta”

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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