O Brasil e o jardim Europa

Fica difícil entender a insistência do governo em concluir o danoso acordo UE–Mercosul

Lula durante reunião de líderes do Mercosul Foto por MAURO PIMENTEL / AFP)

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O leitor ou a leitora que me acompanhe um pouco não estranhará o título deste artigo, uma variante do título do meu livro mais recente, O Brasil Não Cabe no Quintal de Ninguém. Se não cabe no quintal de ninguém, como caberia no jardim da Europa? Por que “jardim da Europa”? E por que dizer agora, especificamente, que o Brasil não cabe aí?

Eis a razão. O senhor Josep Borrell, que vem a ser nada mais, nada menos que “o alto representante da União Europeia para os negócios estrangeiros”, declarou que a Europa é um “jardim” e o resto do mundo, “majoritariamente, uma selva”. O sentido desse tipo de afirmação é argumentar que os europeus precisam proteger o seu “jardim”, isto é, a sua sociedade ultraconfortável e privilegiada, do assédio dos estrangeiros de várias origens.

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2 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 25 de março de 2024 01h02
Quando li o título, até pensei que se tratasse dos farialimers do Jardim Europa em São Paulo, mas logo compreendi o trocadilho. De fato, professor, se o Sr. Entende que esse acordo com os europeus não é vantajoso para o Mercosul e muito menos para o Brasil, porque insistir nele? O presidente Lula é um homem, sobretudo de conciliação, talvez esteja sendo aconselhado por pessoas desavisadas e que não tenham o feeling econômico e político do que é o europeísmo que é nada mais, nada menos que o imperialismo e protecionismo econômico semelhante ao estadunidense de que o que somente eles são os melhores no mundo e o resto é o resto. Nenhum outro país é tão protecionista como a França, mas mesmo assim é contrário ao acordo. E esse protecionismo francês é pragmático por entender que os produtos agrícolas franceses não são páreos aos brasileiros e argentinos e que por outro lado, podem mesmo não ter o investimento europeu a altura. Penso que o presidente Lula precisa fazer uma consultoria com sua pessoa além do presidente Macron ouvindo o outro lado para poder perceber o erro que pode cometer.
José Carlos Gama 25 de março de 2024 14h06
Estranho tudo isso. Quem perde quer assinar, quem ganha não quer assinar, ainda mais quem quer assinar é um dos mais defensores da justiça social do Brasil. Brigou por mais de 10 anos pelo algodão subsidiado pelo governo americano a seus agricultores e venceu no OMC. Será que estamos regredindo?

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