O ataque da malta desvairada

O propósito do bolsonarismo é substituir a civilização pelas regras das sociedades das cavernas

Foto: Evaristo Sá/AFP

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Devemos sempre resistir à impressão de que o mundo está enlouquecendo. Esta é a lição que nos deixa o famoso conto de ­Machado de Assis, O Alienista. Doutor Simão Bacamarte, depois de encerrar toda a cidade no manicômio – inclusive a sua própria mulher –, acabou por trancar a si mesmo.

Derrotado nas eleições presidenciais, Bolsonaro trancou-se no Palácio da ­Alvorada e recolheu-se ao silêncio. O autoconfinamento presidencial não impediu, se não estimulou, a epidemia de capota furada que assola seus fanáticos apoiadores. Estacionada à porta do quartel em Brasília, a malta ignara e truculenta ameaçou invadir o edifício-sede da Polícia Federal para libertar um indígena bolsonarista. Repelidos, os baderneiros incendiaram ônibus e automóveis.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 18 de dezembro de 2022 04h26
Chamar os baderneiros bolsonaristas de manifestantes ou de “terroristas” é elevar a sua autoestima a um status político como os que se insurgem através do instituto legítimo como o de desobediência civil, penso que isso os os tornam envaidecidos o que não é o correto. Na verdade essas pessoas são criminosas e deveriam ser tratadas assim pelo Estado brasileiro como tais. O que esses apedeutas bolsonaristas fazem é o rompimento do contrato social, não no sentido hobbesiano ou lockiano, mas no campo mesmo da delinquência. Imaginemos se o presidente Lula tivesse perdido as eleições deste ano e o MST ou MTST tivessem às portas dos sindicatos e até mesmo bloqueando as rodovias e impedindo o livre direito de ir e vir dos cidadãos e até mesmo queimando ônibus e danificando o patrimônio público. Seriam sumariamente presos ou executados pelas forças policiais e de segurança e teriam uma severa crítica da mídia e da sociedade. No entanto não é o que se acontece com esses bolsonaristas, pois a sociedade e até mesmo a imprensa acabou normalizando esses atos repulsivos. O judiciário brasileiro nada faz, nem contra o atual presidente Bolsonaro que se comporta como um zumbi e não desestimula tais atos de seus simpatizantes. Coube aos membros do governo de transição fazer a crítica contundente desses atos e somente começar a agir a partir da posse com as forças de segurança. Até lá, ainda vamos assistir todas essas pantomimas sem qualquer reação das autoridades que assistem passivamente. Só vimos até o presente, a atuação do ministro Alexandre de Moraes que bloqueou várias contas dos empresários golpistas, mandou fazer busca e apreensão de armas e munições em estados do Centro Oeste e do Sul do país e enviou para prisão domiciliar alguns políticos bolsonaristas.

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