

Opinião
O apetite da Eli Lilly
A farmacêutica aposta no orforglipron, que promete ser mais efetivo na perda de peso


A Eli Lilly, farmacêutica norte-americana, está perto de concluir os testes do orforglipron, comprimido diário que promete resultados mais efetivos na perda de peso do que a concorrência. A expectativa da empresa é de lucros gordos, vide o anúncio de investimentos de 6,5 bilhões de dólares em uma nova fábrica no Texas. Nos primeiros testes divulgados, o orforglipron promoveu uma perda média de 12,4% de peso corporal em 72 semanas, resultado superior ao comprimido concorrente da Novo Nordisk.
A nova unidade será construída em Houston, no Generation Park, com previsão de gerar 4 mil empregos na fase de construção e 600 postos permanentes quando entrar em operação, em cinco anos. O complexo vai produzir ingredientes farmacêuticos para o orforglipron e outras terapias cardiometabólicas. O governo texano concedeu incentivos, incluindo 5,5 milhões de dólares em subsídios para viabilizar a instalação.
A Eli Lilly ocupa espaço de destaque com a tirzepatida, vendida como Mounjaro e Zepbound. Os medicamentos injetáveis, que combinam ação em GIP e GLP–1, alcançam reduções de até 20% do peso corporal, desempenho superior àquele da semaglutida injetável, encontrada nas marcas Ozempic e Wegovy, ambos da Novo Nordisk. A expectativa é de que a Eli Lilly submeta pedidos de aprovação regulatória ainda em 2025, com possibilidade de liberação rápida pela FDA. Analistas projetam que o novo produto poderá gerar até 25 bilhões de dólares anuais em receitas no auge de sua adoção.
Alibaba
A Alibaba anunciou, por meio de sua divisão de computação e nuvem, a instalação de novos data centers no Brasil, França e Holanda. A iniciativa faz parte da estratégia do grupo de disputar o mercado de Inteligência Artificial global. O investimento será de 53 bilhões de dólares. Ampliar a estrutura de nuvem coloca a Alibaba em condições de concorrer com o Microsoft Azure e o Google Cloud. O crescimento da IA demanda infraestruturas de armazenamento de dados de grande porte. O consumo de energia é um dos desafios para o setor e, nesse campo, o Brasil tem muitas vantagens. Além disso, o País é o maior mercado de TI da América Latina, com alta demanda por serviços de nuvem. A reação ao anúncio foi imediata. As ações subiram 10% com a expectativa de um novo player no mercado dominado por empresas norte-americanas.
Frete grátis
O brasileiro adora levar vantagem. E se levarem para ele, gosta mais ainda. O Mercado Livre seguiu a máxima e fez uma campanha com frete grátis para compras a partir de 19 reais. As vendas na plataforma cresceram 34%. O frete grátis dialoga diretamente com outro fator de consolidação das plataformas de marketplace, os prazos de entrega. A experiência de compra online vem atrelada a uma ansiedade de acesso ao produto. Menores prazos e cumprimento das datas são determinantes para uma experiência positiva. Tudo isso acrescido de frete grátis atinge a expectativa dos consumidores com economia e velocidade. As plataformas ganham, com a estratégia, fidelização.
Se liga
A Omoda é uma marca de elétricos que ainda não decolou no Brasil. Agora ela chega com novas versões, o híbrido Omoda 5 HEV e o Omoda 7 SHS, com promessas de muito conforto e um aditivo eletrizante em um país que adora celulares. O carregador de 50 watts, que a empresa alega ser o mais rápido do mundo, é capaz de carregar 50% da bateria do aparelho em cerca de 30 minutos, um terço do tempo de carregamento convencional. Os veículos da Omoda&Jaeco já são comercializados no Brasil pela Chery, que distribui os modelos Omoda E5 e Jaeco 7.
O lançamento vai rivalizar diretamente com o Corolla Cross. Mas vai disputar um mercado acirrado com seus conterrâneos. De acordo com números da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, as vendas do segmento cresceram 6,8% em comparação com o mês anterior. No segmento de SUVs, os maiores crescimentos foram do GWM Haval, que chegou a 17,7% das vendas, pouco à frente do BYD Song, que chegou a 17,2%. Descolados do primeiro batalhão aparecem o Fiat Fastback, com 11,9%, e o Corolla Cross, com 11,1%. De janeiro a agosto foram vendidos 126 mil veículos elétricos no País.
Mais um
Nem só de SUVs vivem os elétricos. Em novembro, desembarca no Brasil o Geely Geome Xingyuan, um compacto que no Brasil terá o nome de EX2. O carro é o mais vendido na China e deve chegar aqui por 150 mil reais, mesma faixa de preços do GWM Ora 3, do BYD Dolphin e do Chevrolet Sparky EUV. Sua autonomia gira ao redor de 300 quilômetros. •
Publicado na edição n° 1382 de CartaCapital, em 08 de outubro de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘O apetite da Eli Lilly’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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