Afonsinho

Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

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Em meio ao caos do nosso futebol, a clareza das modificações feitas por Carlo Ancelotti, que, aos poucos, parece se abrasileirar, anima a torcida

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O jogador de futebol Robinho. Foto: Ivan Storti/Santos FC
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A Data Fifa, que tinha a pretensão de aliviar o caótico e apertado calendário do futebol, acabou apenas confirmando, mais uma vez, a situação desordenada da nossa organização.

Nessa confusão, quem acabou se dando mal foi o Palmeiras. A derrota para o Santos, por 1 a 0, no sábado 15, na Vila Belmiro, não só complicou a equipe na ­disputa­ pelo título do Brasileirão como deu um novo ânimo ao Peixe, que estava seriamente ameaçado pelo rebaixamento.

Por outro lado, o Flamengo acabou ganhando um presente e tanto na semana do seu aniversário.

A Seleção Brasileira, no primeiro amistoso desta pausa, trouxe um respiro de otimismo para os torcedores. E esse respiro não vem apenas da boa performance na primeira etapa do jogo duríssimo contra o Senegal, no sábado 15, vencido por 2 a 0.

A clareza das modificações feitas pelo técnico Carlo Ancelotti – que, aos poucos, parece se abrasileirar –, também animou.

A diminuição do ritmo no segundo tempo deveu-se às substituições, que são naturais nesta fase de testes de nomes e alternativas táticas.

As novidades táticas mais evidentes foram, primeiro, a escolha por atuar sem um centroavante fixo. E, em segundo lugar, a surpresa de jogar sem um lateral-direito de origem, com a função sendo cumprida de modo excelente por Eder Militão, que vem se firmando como um dos destaques na defesa.

O ponto mais interessante, na minha opinião, foi a liberdade dada aos volantes para avançarem ao ataque, aproveitando a movimentação constante dos jogadores de frente.

Foi assim que Casemiro marcou o segundo gol do Brasil, mostrando que jogar sem um volante fixo (o antigo “cabeça de área”) é uma mudança promissora que pode consolidar-se como uma alternativa de jogo.

Fica no ar a pergunta para críticos e torcedores sobre a ausência de uma formação com um meia-armador clássico e um goleador tradicional. No mínimo, deveria ser considerada como uma opção.

Para o próximo confronto, Ancelotti já adiantou a entrada de um lateral-direito e o retorno de Militão à zaga, sinalizando que vai experimentar um novo esquema.

Garantir uma vaga na Copa do Mundo pela Seleção Brasileira está se tornando cada vez mais difícil, e a responsabilidade dos jogadores que buscam esse espaço só aumenta.

Algumas seleções que disputavam a classificação para a próxima Copa já definiram sua situação, com poucas surpresas – à exceção das equipes estreantes.

O que tem deixado os torcedores espantados é o caso da Itália, seleção de grande tradição no “Calcio” (futebol italiano) que está ameaçada de ficar fora da Copa pela terceira vez consecutiva.

O risco de isso acontecer novamente aumentou após a Azzurra sofrer uma dura derrota em casa e passar, assim, a depender da repescagem. O que pode ter acontecido a um país que já foi considerado o “Eldorado” do futebol profissional? Essa situação precisa servir de alerta para todos nós.

Enquanto a Seleção joga, os clubes tentam se virar em meio à bagunça do calendário. Alguns já têm sua situação definida, seja com a vaga garantida nas fases finais de copas e campeonatos, seja com o rebaixamento. O mesmo acontece nas divisões de acesso.

Na Série B, com algumas equipes já garantindo o acesso, oito times ainda ­disputam, a duas rodadas do fim, as duas últimas vagas.

É uma série cada vez mais difícil, sempre disputada por clubes tradicionais que, por um descuido, acabam caindo e precisam encarar essa “pedreira” para voltar à Série A.

Chegamos a um ponto em que vários clubes anunciam mudanças em suas estratégias, alegando a necessidade de preservar a saúde mental dos jogadores.

Vemos equipes alterando datas de viagens, conexões de voos – recorrendo, por vezes, a voos fretados – e aumentando as comissões técnicas para dar melhores condições de assistência aos atletas. Trata-se do retrato de um verdadeiro caos na reta final da temporada.

E, antes de concluir esta coluna, uma observação sobre o que acontece no esporte fora dos campos de futebol.

A cada semana, o tenista João Fonseca segue subindo no ranking mundial, confirmando o que os especialistas já previam desde as suas primeiras vitórias. •

Publicado na edição n° 1389 de CartaCapital, em 26 de novembro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Novidades táticas’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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