

Opinião
Nas quadras e em campo
Por aqui, o Cruzeiro garante o quarto título na temporada de vôlei. Na Europa, as atenções seguem voltadas para a Champions League


No Dia das Mães, o Cruzeiro garantiu, no Ginásio do Sabiazinho, em Uberlândia (MG), seu sétimo título na Superliga Masculina de Vôlei. O jogo contra o Minas terminou por três sets a zero. Na atual temporada, a equipe tinha conquistado o Mundial, a Supercopa e o Mineiro Sul-Americano. A nova conquista foi, sem dúvida, um dos grandes destaques da semana que passou.
Outro assunto quente é a criação da Libra (Liga Brasileira de Futebol). Aguarda-se o resultado da segunda reunião para se chegar a algum acordo com o grupo do chamado Forte Futebol. O cartola de um dos maiores clubes brasileiros anunciou a liga como irreversível.
Há expectativa em torno dela, principalmente, por causa da aflição dos torcedores diante da defasagem da organização do nosso futebol e da discrepância dos critérios.
Em campo, a vitória do Botafogo por 1 a 0 contra o Flamengo, no Mané Garrincha, em Brasília, pelo Campeonato Brasileiro, botou lenha na fogueira da crise criada pela passagem de Jorge Jesus pelo Flamengo. O técnico teria dito agora que deseja voltar ao time.
Custa a crer que um profissional calejado como ele caísse ingenuamente nessa fria. Cheira a fofoca. Por outro lado, pode, de fato, ter havido um convite do Flamengo. Eles que se entendam, mas, sem dúvida, esse tipo de diz-que-me-disse é ruim para o futebol.
No jogo, a diferença ficou por conta do goleiro Gatito Fernández, do Botafogo, que está voltando agora depois de um ano parado – saído de uma atuação memorável. Essa vitória pode ajudar o Botafogo em seu momento de construção. Sabe-se, porém, que a estrada é longa.
Falando em destaques individuais, cabe mencionar, no jogo entre o CRB, de Alagoas, e o Sampaio Corrêa, do Maranhão, pela Série B do Campeonato Brasileiro, o gol espetacular de Anselmo Ramon, do CRB. Seu chute foi uma explosão que não pode deixar de ser assistida.
Em meio a tudo isso, não parou de ressoar nas resenhas empolgadas da semana o segundo jogo da semifinal da Champions League, entre o espanhol Real Madrid e o inglês Manchester City, na semana passada.
Foi, de fato, um jogo para ficar para sempre na memória do futebol. Aconteceu de tudo na partida.
As emoções provocadas deixaram claro o que motiva a paixão extrema dos torcedores por um esporte em princípio menos nobre – uma vez que é tocado com os pés: o infinito poder humano de criatividade.
O jogo de ida, na Inglaterra, levou o Manchester para Madri com uma boa vantagem. A partir daí a “loucura” aumentou sua escalada com a declaração do artilheiro Karim Benzema: “Em Madri, vamos fazer mágica, vamos ganhar o jogo”. Dá para compreender a frase dele. Trata-se do tipo de jogo bom de jogar. É dar o máximo de si sem olhar para trás. É o tudo ou nada.
Não deu outra. Gosto de arriscar o vencedor analisando a fisionomia dos jogadores e técnicos na entrada em campo, principalmente quando eles estão ali parados, antes do início das partidas. Juro que quase sempre acerto o prognóstico.
Pois bem. Pensei que a expressão contida do italiano Ancelotti, do Real, ao contrário da movimentação constante de Guardiola, do time rival, indicava um favoritismo espanhol – a despeito da vantagem e da categoria da equipe inglesa.
No entanto, durante o jogo, especialmente na parte final, mudei de opinião. Acompanhando o pensamento do brilhante treinador catalão, dei a vitória como certa para os “ingleses” – bem entre aspas porque não faltam nacionalidades ao time.
Guardiola foi fazendo alterações despretensiosas. Colocou em campo seu homem de confiança, o extraordinário Fernandinho – que, por sinal, anuncia o fim da carreira – sem maiores preocupações, pois, como ele mesmo disse depois, “o jogo estava em nossas mãos”.
Doce ilusão. Como se diz na linguagem dos boleiros, “a bola pune”. Em pouquíssimos minutos fomos testemunhas de uma das reviravoltas mais sensacionais da história do futebol.
Com Rodrygo, o Real teve mais uma virada incrível em sua memorável campanha. O brasileirinho marcou dois gols relâmpagos e deu o passe para o pênalti convertido pelo profeta Benzema, abençoado pelos torcedores do Real com a faixa estendida na arquibancada: Somos los Reyes de Europa. Confiança absoluta.
Com a vitória sobre o Manchester City, por 3 a 1, na prorrogação, o Real Madrid vai decidir a Champions com o também inglês Liverpool. •
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1208 DE CARTACAPITAL, EM 18 DE MAIO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Nas quadras e em campo”
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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