Não comemore, Witzel. Vá trabalhar para mudar as estatísticas do Rio

O governador deveria se empenhar em construir uma política de segurança eficiente, de inteligência, de investigação e de treinamento técnico

O governador Wilson Witzel. (Foto: Philippe Lima)

Apoie Siga-nos no

O Rio viveu nesta terça-feira 20 mais uma tragédia destas que envergonham e entristecem qualquer brasileiro. Um rapaz de 20 anos com transtornos psiquiátricos sequestra um ônibus com 37 trabalhadores que madrugam na Região Metropolitana. O fim de Willian Augusto, amplamente noticiado, não é novidade a esta altura. Ouvi especialistas em segurança pública sobre esta tragédia para chegar a uma opinião bem embasada.

Mesmo sem todos os dados de perícia possíveis, é notório que a polícia especializada agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava. Entrou negociando e interferiu de forma mais contundente quando preciso. Era esperado, no entanto, que o sequestrador fosse incapacitado e não morto, mas não temos como avaliar as circunstâncias objetivas em que isto se deu, apenas com as notícias na imprensa.

Registro aqui minha solidariedade à família da vítima letal e às famílias dos reféns que permaneceram horas sob stress e insegurança.

Ao mesmo tempo em que observamos a atuação dos agentes de segurança, há um cuja atitude causou impacto estridente.

Wilson Witzel.


A figura patética da principal autoridade do Rio descendo de um helicóptero em meio à cena da Ponte Rio-Niterói e celebrando aos pulos o desfecho mostra a indignidade e o despreparo com que cumpre o cargo de autoridade máxima de nosso estado. Não é papel de um gestor público o que Witzel fez questão de expor para toda a imprensa, com um assessor a tiracolo filmando sua atitude.

O governador aproveitou para montar seu espetáculo depois de um longo inverno de escândalos arranhando sua imagem com mortes de jovens e crianças inocentes no Rio em ações cotidianas da polícia. Vale um registro neste ponto: em seis meses foram 881 mortes por agentes de segurança do Rio, principalmente nas áreas de favelas e periferias, vitimando jovens negros. É a cabal demonstração de que não temos uma política de Segurança real e eficiente.

Em vez de comemorar como se estivesse num jogo de futebol, Witzel deveria ir trabalhar para mudar essas estatísticas. O governador deveria se empenhar em construir uma política de segurança eficiente, de inteligência, de investigação, de treinamento técnico, para que a gente passe a ter “zero vítimas”, tanto da sociedade quanto da polícia! Afinal, policiais também morrem em serviço, numa guerra quase diária de pobres matando pobres.

O Rio é manchete policial de novo aqui e por todo o mundo. Talvez não apenas pela tragédia em si, mas pelo comportamento repudiável de Wilson Witzel, que não sabe a que veio tanto quanto aquele que ocupa o Palácio do Planalto. Vive em suas neuroses genocidas sem saber para onde levar o Rio de Janeiro num acúmulo de frases e declarações bizarras. Wilson Witzel, vá trabalhar! Mude a realidade de nosso estado com competência e dignidade. A sociedade espera mais do que seus festejos públicos.

?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> src="https://i.ytimg.com/vi/Tvqa-JOcjOA/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover">

 

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.