Meio e fim

A violência não é só um instrumento de que se serve o bolsonarismo, ela é também seu objetivo

Imagem: Carl de Souza/AFP

Apoie Siga-nos no

O bolsonarismo não é um movimento político qualquer, mas um que se elegeu e governou com uma retórica e uma simbologia da violência. Não à toa, durante a campanha Jair Bolsonaro usava como gesto de identificação de seu projeto político a mão que emula um revólver. Não casualmente, bradou que iria metralhar a “petralhada”, utilizando um tripé de filmagem como simulacro de uma metralhadora. Que tipo de político se elege usando armas como emblema? Que tipo de proposta política usa, ainda que no “sentido figurado”, a execução de adversários políticos como retórica para inflamar seus seguidores?

Aliás, Bolsonaro se queixou da jornalista que lhe perguntou sobre essa famigerada frase. Segundo ele, a repórter seria incapaz, por deficiência de formação, de entender o “sentido figurado” daquilo que disse o então candidato. Cumpre questionar: será que os bolsonaristas mais ardentes, como o policial penal federal Jorge Guaranho, também não podem confundir o “sentido figurado” com o sentido ­real? Ou serão eles mais bem formados que a repórter? Quem usa frases desse teor deveria ser mais precavido, presidente.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

2 comentários

José Carlos Gama 19 de julho de 2022 21h43
Se tivéssemos uma democracia forte e não dúbia como a nossa, esse movimento politico não teria tanto alcance como esta tendo. Afinal, vinte a trinta por cento de intenções de voto, assusta e nos remete a fraca democracia ou democracia para poucos. Enfim, precisamos de mais democracia e que essa tal democracia aponte para a o sistema educacional.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 17 de julho de 2022 05h30
Nessa tanatocracia bolsonarista as instituições assistem imbeles e aturdidas os próximos passos do presidentes e de seus sequazes seguidores. Nesse sentido poderíamos perguntar: Qual autoridade estaria a prevaricar diante de tantos crimes perpetrados pelo presidente e seus fiéis colaboradores? Diante desse estado de coisas não podemos nos entregar numa anomia coletiva e seguir a denunciar os chamados “cidadãos de bem” suspeitos de engendrarem o próximo crime político a mando de Bolsonaro. Muitos bolsonaristas já exibem com orgulho e tom ameaçador seus adesivos em seus carros e residências de apoio a Bolsonaro, enquanto que os eleitores de Lula ou de Ciro Gomes se inibem de mostrar em seus lares e veículos a sua preferência político partidária com medo de retaliação ou de que tenham seus bens apedrejados ou que sejam violentados pelos simpatizantes raivosos do presidente. A morte e a violência é a marca registrada desse governo, ainda mais porque está em pleno desespero pela iminente derrota eleitoral. O fato é que temos que ter cautela e moderação mas ao mesmo tempo coragem e impavidez para enfrentar as feras que querem destruir a democracia e o direito de liberdade de expressar o que somos e o que queremos mudar nesse país.

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.