Opinião
Meio e fim
A violência não é só um instrumento de que se serve o bolsonarismo, ela é também seu objetivo
O bolsonarismo não é um movimento político qualquer, mas um que se elegeu e governou com uma retórica e uma simbologia da violência. Não à toa, durante a campanha Jair Bolsonaro usava como gesto de identificação de seu projeto político a mão que emula um revólver. Não casualmente, bradou que iria metralhar a “petralhada”, utilizando um tripé de filmagem como simulacro de uma metralhadora. Que tipo de político se elege usando armas como emblema? Que tipo de proposta política usa, ainda que no “sentido figurado”, a execução de adversários políticos como retórica para inflamar seus seguidores?
Aliás, Bolsonaro se queixou da jornalista que lhe perguntou sobre essa famigerada frase. Segundo ele, a repórter seria incapaz, por deficiência de formação, de entender o “sentido figurado” daquilo que disse o então candidato. Cumpre questionar: será que os bolsonaristas mais ardentes, como o policial penal federal Jorge Guaranho, também não podem confundir o “sentido figurado” com o sentido real? Ou serão eles mais bem formados que a repórter? Quem usa frases desse teor deveria ser mais precavido, presidente.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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