Alberto Villas

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Jornalista e escritor, edita a newsletter 'O Sol' e está escrevendo o livro 'O ano em que você nasceu'

Opinião

Malu é aquela que sentava no fundo, com a Dorinha

Cinquenta anos da nossa formatura na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais. Sim, cinquenta anos!

Foto rara da turma de 74, preparando um Jornal Laboratório. Foto: Arquivo Pessoal
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Eu não estava me dando conta, até que surgiu, de repente, um grupo no zap: FAFICH 50 ANOS! Foi aí que caiu a ficha: 50 anos da nossa formatura na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais. Sim, cinquenta anos!

Não é balela que o planeta está esquentando e que o tempo está passando depressa demais. Ontem mesmo encontrei com uma menina, ainda com cara de menina, que começou no Fantástico como estagiária. Ficou por lá e soltou essa: já tem vinte anos que estou no Fantástico!

Quase caí pra trás.

Mas a história da Fafich é curiosa. Quando eu disse nossa formatura, é a formatura deles, porque eu abandonei o curso no último ano e me refugiei em Paris. Mas, desde aquele 1974, eles consideram que eu fui, sou e sempre serei da turma. Tanto é que o meu nome está no convite de formatura, só que escrito à mão por algum companheiro de copo e de cruz. E de Fafich.

E foi assim que eu passei a fazer parte da Turma de 74, segundo corre a lenda, a melhor turma de Jornalismo que já se formou naquele curso de Jornalismo.

Durante algumas décadas, todo mês de dezembro, faziam uma festa e quase todos iam. Fui em várias, e toda vez que ia era uma delícia encontrar todos sãos e salvos. Não vou citar nomes porque seria injusto.

O tempo foi passando, alguns ficaram com pouco cabelo, outros com os cabelos brancos. Mas eu nunca me esqueci de nenhum deles, mesmo durante a década que passei longe, mais de dez mil quilômetros da minha Belo Horizonte.

Tivemos perdas que nos deixaram com o coração partido. Aí vou citar nomes. Até hoje não estou convencido que o Aluísio Assis, o Sergio Bernardes, o Benjamim Abaliac e a Dea Januzzi já nos deixaram. Muito triste.

O grupo FAFICH 50 ANOS surgiu há uma semana e foi crescendo. As pessoas foram chegando aos poucos e hoje, se o professor Anis fizer a chamada, todos estarão presentes.

Alguns, não sei o que fizeram da vida, outros acompanho de perto, pelo zap, falo quase todos os dias, de política, de música, de jornalismo, um pouco de tudo.

Mas, de repente, apareceu uma Malu, que, sinceramente, não me lembrava mais. Uns lembravam bem dela e tentavam explicar quem era a tal Malu. Estou sendo injusto com ela, pelo visto é uma pessoa superbacana.

Mas o mais engraçado de tudo foi quando alguém escreveu: gente, como vocês não se lembram da Malu? Malu era aquela que sentava no fundo com a Dorinha.

Sentei, li de novo e tentei me lembrar do fundo da sala naquele oitavo andar do prédio da Fafich, na rua Carangola, bairro de Santo Antônio. Prédio que tinha ao lado o Colégio de Aplicação, onde tomei bomba em francês duas vezes. Foi nesse prédio que, estudante do ginásio, subia até o terraço pra jogar pedras nos militares lá embaixo.

Não lembrei do fundo da sala onde sentava a Malu, ao lado da Dorinha. Ainda bem que chegou uma mensagem de voz da Mércia: como assim, você não se lembra da Malu, Alberto! Nós sentávamos mesmo lá no fundo: eu, Malu, Dorinha e Lilian.

Respirei aliviado.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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