As propagandas partidárias, sobretudo aquelas das siglas do campo progressista e de esquerda, repetem exaustivamente o mantra de que é preciso ter mais mulheres na política. Muitos dos argumentos são de que somos a maioria da população e também a maior parte dos eleitores, o que é uma grande verdade. Entretanto, por conta do fisiologismo generalizado e o fato de outras legendas não apresentarem candidaturas femininas defendendo as causas de gênero, mas sim aquelas do interesse econômico e muitas vezes familiar, as discussões sobre a nossa participação nos espaços de poder acabam por ocorrer dentro ou gravitando sempre em torno da mesma bolha.
Mas os acontecimentos da última semana colocam novamente na ordem do dia a necessidade do debate sobre a importância de elegermos mulheres para a Câmara dos Deputados e também para o Senado Federal. Mesmo com uma aguerrida bancada feminina nas duas casas legislativas, com parlamentares combativas, ainda é possível ver uma juíza julgar contra os interesses do bom senso e “condenar” uma menina de 11 anos de idade a prosseguir com uma gestação que foi fruto de um estupro. Ou seja: a garota, que já havia sido vítima de uma tremenda atrocidade, foi punida por quem deveria defendê-la, o próprio Estado, por meio de uma legítima representante do Tribunal de Justiça. (Nota da redação: O Ministério Público Federal informou nesta quinta-feira 23 que a menina conseguiu fazer o aborto)
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