Afonsinho

Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

Opinião

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Jogadores e torcedores

A premiação da Fifa para a temporada de 2022 deu destaque aos atletas, mas também à grande massa responsável por manter o futebol em alta

Jogadores e torcedores
Jogadores e torcedores
A Messi coube o troféu de melhor jogador - Imagem: Michael Regan/FIFA
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O Carnaval, com o esplendor de sua beleza e da vibração coletiva, foi embora levando consigo as ilusões que amenizaram a dureza destes dias marcados também pelas dolorosas imagens da tragédia no Litoral Norte de São Paulo.

A arte e o esporte serão, enquanto não chegam outros grandes eventos e fatos, as fontes nas quais buscaremos energia para dar conta do cotidiano. Mas sabemos também que o próprio esporte atravessa dias conflituosos.

Depois dos problemas na tradicional Juventus de Turim, punida com a perda de 15 pontos no campeonato italiano por acusações de fraude fiscal, surgem as notícias de escândalos graves na contabilidade do Barcelona. As possíveis falcatruas são capazes de levar o poderoso clube espanhol a severas punições e até a um possível rebaixamento.

Apesar de todas essas confusões, a Federação Internacional de Futebol ­(Fifa) fez, nesta semana, a festa de premiação dos melhores da temporada de 2022, escolhidos pela FIF-Pro (jogadores) em separado da premiação francesa, o Balon D’Or (jornalistas) – as escolhas eram feitas de forma comum durante alguns anos.

Com a presença de inúmeros convidados representando toda a variedade de participantes, a cerimônia teve, no início, uma grande homenagem a Pelé. Na sequência, foram agraciados treinadores e jogadores do futebol feminino e masculino.

Durante o evento, foram projetadas imagens do árabe Abbdulah, que viajou a pé, atravessando o deserto, durante 55 dias para comparecer à Copa-22, no Catar.

Os torcedores foram representados ainda por um vovô argentino, que fez a alegria da festa, com sua espontaneidade e desprendimento característicos da grande massa que mantém o esporte em alta. É bom ver a força e o amor dos torcedores sendo reconhecidos pela Fifa.

E o fato é que foi impressionante a participação da torcida argentina na última Copa. Ela foi a mais numerosa no Catar. Esse dado, por si, é indicativo da confiança que os hermanos tinham em sua seleção. Outra torcida que chamou atenção foi a do Japão, lembrada na noite da Fifa.

Também foi muito bom o destaque dado ao futebol paraolímpico, que obteve amplo merecimento com o Prêmio Puskás, oferecido ao gol mais bonito da temporada. Desta vez, ele coube ao ­amputado polonês Marcin Oleksy, que apresentou uma versão idêntica do gol espetacular do brasileiro Richarlison na Copa.

O ano de 2022 no futebol pertenceu também, com amplos méritos, ao gênio Lionel Messi. O argentino arrebatou o prêmio de melhor jogador num momento que marcará para sempre sua carreira extraordinária. Foi nessa temporada, afinal de contas, que ele conquistou o único título que faltava em seu histórico memorável.

A certa altura da transmissão, foi lembrada a ausência do excepcional Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid e da Seleção Brasileira e, sem dúvida, um expoente desde 2021.

Parece que a trajetória fulgurante do jovem de São Gonçalo deixou os organizadores em uma saia justa. Por quê? Porque eles tinham de escolher, para os vários prêmios, muitos “cobrões” cheios de trunfos.

E, no caso de Vini Júnior, a categoria revelação não funciona mais. Não faz muito tempo que o craque revelado pelo flamengo deixou essa condição para trás.

Durante a transmissão, foi notada a presença de um único brasileiro entre os melhores do mundo: o volante Casemiro, que tem uma carreira muito bem administrada. Quando saiu do Real ­Madrid, ele logo ganhou sobrevida vitoriosa no Manchester City.

E o futebol, a despeito de todas os conflitos, desigualdades e tramas milionárias, continua sendo, em alguns momentos, uma bela manifestação de humanidade. Foi o caso dos torcedores da Turquia que, na volta do campeonato local, arremessaram para o campo milhares de ursinhos de pelúcia enviados às crianças sobreviventes. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1249 DE CARTACAPITAL, EM 8 DE MARÇO DE 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Jogadores e torcedores”

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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