Uma semana após a posse de Lula, insuflados por uma intensa retórica antidemocrática e pelo eloquente silêncio do ex-presidente Bolsonaro, atos golpistas insurgiram-se contra a democracia, a honorabilidade das instituições da República e o patrimônio público. Ficamos todos em choque com o nível de barbárie mostrado em imagens produzidas não só pela imprensa, mas pelos próprios invasores, que, para além da quebradeira e destruição generalizadas, não demonstraram qualquer pudor em vandalizar relíquias artísticas, como o famoso quadro de Di Cavalcanti, e deixar seu rastro escatológico por onde passaram.
Símbolos da democracia e dos poderes constituídos da República brasileira foram, sem precedentes na nossa história, desafiados pelos atos de violência que visaram, para além de mero inconformismo com o processo eleitoral que elegeu Lula, implementar um golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito. Fundamentados na pretensa liberdade em exteriorizar anseios autoritários, objetivou-se, ironicamente, fulminar as bases que asseguram a própria liberdade em apregoar até mesmo absurdos.
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