Independência sem povo

O Brasil, ao assumir a conciliação como método do jogo político, tornou-se um país inabilitado para as mudanças

Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil

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O povo foi o grande ausente na Independência do Brasil. Foi ausente também em todos os eventos de caráter fundante posteriores, como a Proclamação da República, a Revolução de 1930, a redemocratização de 1945, os eventos que marcaram o golpe de 1964, a transição e a Constituinte de 1988. Na Revolução de 1930, houve engajamento mais significativo, assim como na campanha das Diretas. Mas esta resultou no Colégio Eleitoral, um conciliábulo das elites, que escolheu o presidente e o vice.

A primeira Constituição brasileira, em 1824, foi outorgada pelo príncipe herdeiro do poder colonial, que assumiu o império do Brasil como herança da Coroa paterna. Nenhuma Constituição posterior, nem mesmo a atual, teve o aval fundante e legitimador do povo. O poder político e a própria nação carecem de um fundamento legitimador popular, ao contrário de outras nações.

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2 comentários

ricardo fernandes de oliveira 7 de setembro de 2023 12h26
análise correta. também nos faltam líderes autênticos e virtuosos
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 17 de setembro de 2023 13h05
Passei a minha infância e parte da adolescência, nos anos 70 - época do sesquicentenário da independência -, ouvindo a patacoada de que Portugal era nossa “pátria-mãe”. Portugal monárquico nunca viu o Brasil fora do contexto de fornecedor de ouro e a maioria dos “colonizadores” somente veio para explorar, enriquecer e voltar para a terrinha. Diferente dos EUA, aonde os pilgrims foram para criar uma nova pátria. Assim, o Brasil permanece uma nação mercantilista semifeudal, com uma “elite” ? na maioria de pensamento agrário a tal funesta “vocação agrícola” do país que se pensa uma aristocracia rural, forças armadas que já vieram prontas da metrópole e serviram como braço armado enquanto nos EUA as forças armadas nasceram das milícias populares que combateram e expulsaram os ingleses e com uma população mantida sempre no limite da ignorância e da pobreza…

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