Frente Ampla

Muito a refletir, muito a fazer: um convite a agir pelo Meio Ambiente

Em primeiro lugar, é preciso que o país resgate seu papel de liderança global na proteção ambiental conquistado nos governos de Lula e Dilma

Foto: ASCOM/SEMAS
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O Brasil chega a mais uma Semana do Meio Ambiente, uma das mais difíceis de nossa história. Diversas organizações, entidades e personalidades lutam pela preservação ambiental, sobretudo nas escolas, na formação de nossas crianças e jovens e isso é muito saudável e positivo.

Contudo, é preciso discutir seriamente o papel central do governo Bolsonaro na gestão catastrófica do meio ambiente em nosso país.

Desde 2019, de forma coordenada, Bolsonaro e seus ministros, primeiro Ricardo Salles e agora Joaquim Leite, fizeram um trabalho de desmonte dos órgãos que compõem o sistema de proteção ambiental, reduzindo o orçamento, extinguindo políticas, pastas, e perseguindo os servidores técnicos.

O objetivo dessa política é dar apoio aos setores mais atrasados do agronegócio, que financiaram a campanha de Bolsonaro em 2018. O resultado é que tivemos, em 2021, os piores índices de desmatamento de mata nativa da Amazônia em 10 anos. Quase metade dessa destruição ocorreu em florestas públicas federais, pois Bolsonaro retirou verbas e estrutura de fiscalização.

O balanço de conflitos no campo em 2021 também é preocupante. Estão ocorrendo mais assassinatos de trabalhadores rurais, crescimento dos registros de trabalho escravo e mais de 1000% de aumento de mortes por conflitos. Houve aumento nos homicídios de indígenas e nos índices de trabalhadores torturados e agredidos. Foram registrados 350 conflitos por água em 2020, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra.

Esses dados são consequência da opção do governo federal de estimular os conflitos e o caos no campo, seja pela retirada de direitos dos trabalhadores ou pela facilitação do acesso às armas e leniência à ação de grupos criminosos.

O Brasil segue adotando um modelo de produção de alimentos que utiliza o agrotóxico como peça fundamental. Estudo da Defensoria Pública de São Paulo aponta que os subsídios aos agrotóxicos podem ultrapassar os 14 bilhões de reais. Leis são afrouxadas para permitir o consumo dessas substâncias que provocam diversas doenças graves. O Estado patrocina veneno na mesa da população.

Diante desse cenário de caos, algumas reflexões devem ser feitas. Em primeiro lugar, é preciso que o país resgate seu papel de liderança global na proteção ambiental conquistado nos governos de Lula e Dilma.

Sob suas gestões, o Brasil apresentou bons índices de redução do desmatamento e contribuiu para mitigar as mudanças climáticas, retomando articulações como o Fundo Amazônia e parcerias com outros países e organizações multilaterais.

O Estado deve ser o vetor de um novo marco de desenvolvimento, pautado na produção sustentável, por meio do fomento à agricultura familiar, que hoje é responsável por 70% dos alimentos produzidos no Brasil e quase não recebe apoio governamental.

Uma estratégia que contribui com esse setor é a aposta de estados e municípios em programas de redução do uso de agrotóxicos, consagrando as estratégias da agricultura familiar e dotando-as de excelência técnica e recursos para evoluir suas práticas de plantio, processamento e colheita. Tudo isso aliado a planos emergenciais de auxílio financeiro em situações de crises climáticas.

O mundo todo discute a geração dos chamados empregos verdes. Nossos programas de governo devem trazer propostas e ideias de fomento à economia ambiental, gerando postos em cadeias produtivas que reduzam as emissões de carbono lançado na atmosfera e trabalhem de forma sustentável.

Há muito a refletir, e há muito também a fazer. A destruição das nossas florestas está próxima de um ponto de não retorno. Que a Semana do Meio Ambiente propicie reflexão, conscientização e boas iniciativas para mudança nos rumos da gestão ambiental no Brasil.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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