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Justiça e paz

O Brasil vive um dos piores momentos de sua história. A população está buscando formas de sobreviver em uma economia desarranjada internamente, com inflação e desemprego, e desacreditada diante da comunidade internacional. Neste cenário vemos, com muita tristeza, pessoas tomarem atitudes desesperadas, como disputar restos […]

Justiça e paz
Justiça e paz
(Foto: Gilson Teixeira)
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O Brasil vive um dos piores momentos de sua história. A população está buscando formas de sobreviver em uma economia desarranjada internamente, com inflação e desemprego, e desacreditada diante da comunidade internacional. Neste cenário vemos, com muita tristeza, pessoas tomarem atitudes desesperadas, como disputar restos de comida de dentro de caminhões de lixo. Isso tudo é brutalmente violento e impulsiona outras modalidades de violência. Quando falamos em violência no País, temos de abordar a obscena desigualdade de nossa nação, onde o 1% mais rico da população concentra metade da riqueza total.

É óbvio que as soluções de segurança não passam apenas por políticas sociais. No Maranhão, dobrei o número de policiais em sete anos porque sei que sem atuação policial não é possível combater o crime. Com isso, reduzimos a menos da metade os índices de criminalidade violenta na Ilha de São Luís. Contudo, é igualmente óbvio que a criminalidade só será reduzida de modo amplo e sustentável com ações capazes de recompor o nosso tecido social em bases dignas. Já dizia o profeta Isaías que só há paz verdadeira quando fruto da justiça. Com efeito, para haver justiça e paz no Brasil temos de encontrar formas de financiar a maior concretização de direitos sociais.

O financiamento dos serviços públicos é um nó a ser enfrentado por um próximo governo preocupado em realmente melhorar a vida de nosso povo. Isso transita inexoravelmente pela justa tributação dos bilionários e milionários, para que possamos garantir uma agenda de direitos aos que mais precisam. Do mesmo modo, a corrupção deve ser duramente combatida, especialmente esses inconstitucionais e esdrúxulos malabarismos com “orçamento secreto”, cujos recursos estão sendo utilizados de modo indevido, desviando bilhões de reais de finalidades adequadas.

Temos também de cuidar de políticas para o mundo do trabalho, que tem sido precarizado com as novas tecnologias. Elas, que deveriam servir para aumentar o conforto do ser humano, têm impulsionado novas formas de exploração com redução de direitos e brutal sobrecarga do trabalhador. A ampliação do acesso ao trabalho digno, com direitos básicos, é imprescindível para que haja paz.

Na esfera subnacional, o que pode ser feito nesta quadra difícil da história é trabalhar pela sustentação de direitos, com práticas inspiradoras, apontando o caminho por onde podemos seguir. É o que temos buscado no Maranhão, na confluência entre o Nordeste e a Amazônia, duas das regiões que mais sofrem malefícios derivados da desigualdade no País, que também é regional.

Assim que assumi o governo, criei o Programa “Mais IDH”, conjunto de políticas públicas que implantamos nos 30 municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Maranhão. Nesse âmbito, criamos a Força Estadual de Saúde, a Fesma, a reunir profissionais de diversas áreas da saúde para atuar em locais com índices críticos de hipertensão, diabetes, mortalidade infantil e materna. Ao todo foram feitos mais de 1 milhão de atendimentos da Fesma nesses municípios, porta a porta, nas comunidades mais distantes. Atualmente, a força atua sobretudo nas comunidades quilombolas, realizando a Atenção Básica, prevenindo doenças e salvando vidas.

O Maranhão Verde investiu 11 milhões de reais para que 1.453 moradores de regiões próximas a parques e outras unidades de conservação estaduais atuem em sua preservação. O Eixo Indígena do programa está investindo mais 10 milhões de reais para o fomento de projetos agroecológicos de famílias indígenas.

Nesta semana, chegamos a 61 restaurantes populares, que servem 1 milhão de refeições por mês, agora com preço reduzido a 1 real. Esses restaurantes, além de garantirem segurança alimentar e nutricional para milhares de pessoas, também realizam compras da agricultura familiar, apoiando economicamente esse imprescindível segmento econômico.

Merecem destaque, ainda, os investimentos em obras públicas em todas as regiões do estado, constantes do Plano Maranhão Forte, representando mais de 1 bilhão de reais mobilizados neste ano de 2021 para gerar empregos. Essas obras estão orientadas pela meta de melhorar a nossa infraestrutura – sobretudo rodovias – e a nossa rede de serviços públicos, tais como novos hospitais, escolas de tempo integral, Institutos Estaduais de Educação, Ciência e Tecnologia, entre outros.

Essas ações mostram que é possível fazer uma gestão séria dos recursos públicos, com responsabilidade fiscal e atuando em favor dos que mais precisam. Esse é o caminho para que as principais forças políticas do País unam esforços para superarmos a atual quadra de trevas que reina sobre o Brasil. E assim teremos Justiça e Paz, como desejamos e merecemos.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1185 DE CARTACAPITAL, EM 25 DE NOVEMBRO DE 2021.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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