Frente Ampla

Fascismo não é polo

E, por isso mesmo, não se pode falar em 3ª via

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante discurso no município pernambucano de Serra Talhada. Foto: Reprodução
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Chegamos ao prazo final das convenções com mais certezas que dúvidas. As forças democráticas fizeram um grande esforço, desde a aprovação da federação até o arranjo político que nos permitirá derrotar, pela força do voto, um presidente que jamais deveria ter sido eleito. Jair Bolsonaro não reúne nenhuma das qualidades necessárias a um chefe de Estado. É desumano, preconceituoso, intolerante, autoritário e governa para poucos. O que esperar de quem defende a ditadura, a tortura e se omitiu para garantir que menos famílias fossem devastadas pelas perdas durante a pandemia?

Há quem diga que as eleições de 2022 estão polarizadas. Que seria necessário construir uma 3ª via para vencer essa tal polarização. Para esses digo em alto e bom som: fascismo não é e nunca foi polo. É uma atipia histórica que só encontra seu caminho para o poder na base da violência e do golpe. Foi assim em 2018. Uma operação montada para tirar um candidato que poderia impedir o autoritarismo de usar a faixa presidencial.

Fascismo não é polo. E, por isso mesmo, não se pode falar em 3ª via. O que temos é a busca de unidade do campo democrático para a reconstrução do país e grupos que não aceitam que um golpe que exigiu tanto empenho em 2018 tenha como resultado a eleição justamente de Lula, o candidato que não mediram esforços para tirar do páreo. Não toleram a potência de sua liderança, pois nesses anos todos não conseguiram aglutinar forças em torno de um nome competitivo. Falha deles. Conquista de quem enxergou a necessidade de somar em torno da defesa da democracia.

A construção dessa unidade foi um caminho longo. O sonho da frente popular esbarrou muitas vezes em incompreensões. Mas ela foi erguida. Trouxe para nosso lado adversários do passado, mas não inimigos da democracia. Isso nunca. A estrada foi pavimentada sobre esta base, o respeito ao Estado de Direito. E chegamos a pouco menos de 2 meses das eleições com a coragem e a disposição para encerrar essa triste página de nossa história ainda no 1º turno.

Estou certa de que não será um auxílio transitório e eleitoreiro ou um falso discurso voltado para reconquistar o voto das mulheres que mudará a certeza dos que se decidiram por Lula, optando por um projeto permanente de combate à fome, à violência e às desigualdades. As mulheres exigem respeito. Não somos moeda de troca eleitoral. Somos forjadas no convívio diário de três opressões: de classe, de gênero e de cor. São as mulheres que ocupam o topo das estatísticas da fome, da violência, da baixa escolaridade, do desemprego. É a elas que a sociedade machista impõe obstáculos para estudar, para subir na carreira ou disputar eleições em condições de igualdade.

Não está diante de nós um cenário polarizado. Não há dois lados. Há um projeto e uma luta para retomar a democracia, para impor novamente a civilização. E há quem não respeita a Constituição, as instituições e gera dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas para ficar mais fácil tumultuar o processo eleitoral. Isso não é lado. É a face descarada do autoritarismo. E isso não é digno de voto.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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