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Esperança em dias melhores

Não há governo bom se ele não oferece dignidade à vida das pessoas

O senador Jaques Wagner (PT-BA). Foto: Heuler Andrey/AFP
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Governar é escolher prioridades. Assim agentes públicos conseguem liderar e promover as transformações para as quais foram eleitos. Nós, que aprendemos a fazer política na escola do presidente Lula, sabemos que governar bem é cuidar das pessoas, especialmente daquelas que mais precisam. Foi com esse espírito que criamos, logo no início do meu primeiro governo na Bahia, o programa Água Para Todos. Quando assumimos, em 2007, nos deparamos com uma situação assustadora. A Bahia tinha o maior déficit habitacional e de famílias sem casa, a maior escassez em abastecimento de água e em esgotamento sanitário, entre outras dificuldades.

Por entender que a água é um direito básico e essencial, inclusive para a garantia de outros direitos, iniciamos esse programa que beneficiou 10 milhões de baianos e baianas, na capital e no interior, na cidade grande e na cidade pequena, na zona urbana e na zona rural. Levamos água para as casas, para os negócios e para a produção das famílias do campo. O Semiárido baiano ocupa 68,7% do território do nosso estado e sempre teve muita dificuldade, seja para produzir, seja para o simples acesso à água. Por isso, essa foi a região para onde o olhar dos nossos governos esteve especialmente direcionado e a que recebeu a maior parte das intervenções do Água Para Todos.

Assim como nos inspiramos no Luz Para Todos – criado por Lula e que teve a Bahia como um dos estados com maior número de beneficiários – para criarmos o Água Para Todos, o sucesso do programa inspirou também o governo federal, que, em 2011, o nacionalizou por meio do Brasil sem Miséria. Só nos três primeiros anos, essa importante política pública superou a meta de 750 mil cisternas implantadas, honrando o compromisso de promover o acesso universal à água na zona rural, em especial no Semiárido brasileiro. E foi um passo fundamental para que o Brasil conseguisse superar a miséria extrema e deixar o Mapa da Fome da ONU, marcas importantes de um passado recente.

Na Bahia, estado com cerca de 600 mil famílias vivendo da agricultura familiar, o que representa quase 3 milhões de baianas e baianos, o acesso à água depende, em grande parte, de políticas públicas. Quando levamos água para a casa de alguém, seja para produção, seja para consumo, estamos levando vida para aquele lugar. Como governador tive a honra e a oportunidade de ver muita gente chorar de emoção quando, pela primeira vez, viu cair água de uma torneira ou tomou banho de chuveiro.

O Água Para Todos segue vivo e tem a meta de levar água para 100% da população baiana. Esta é a nossa missão. Sabemos que em esgotamento sanitário os desafios são maiores, pois é um investimento mais complexo e mais pesado. Os políticos das antigas não gostavam de fazer saneamento, pois ficava tudo enterrado e não dava visibilidade. Mas os políticos modernos sabem que saneamento significa vida, dignidade e saúde. Avalio que o chamado Novo Marco do Sanea­mento Básico, aprovado pelo Congresso e sancionado, com meu voto contra, pode criar dificuldades para a universalização do esgotamento, pois o setor privado só vai querer investir no chamado filé, que são os grandes núcleos habitacionais com muitos clientes e alta taxa de retorno. A iniciativa privada não vai botar dinheiro onde sabe que não terá retorno financeiro.

Por isso, gosto tanto de falar do Água Para Todos e celebrar essa história de sucesso que conferiu dignidade a milhões de famílias. Essa palavra para mim é chave. Não há governo bom se ele não oferece dignidade à vida das pessoas. E foi justamente isso que fizemos com o Água Para Todos, Minha Casa Minha Vida, com novas universidades, novos institutos federais de educação profissional, com o ProUni, com a valorização do salário mínimo, com o Bolsa Família e com tantas obras estruturais que geraram empregos, desenvolvimento, prosperidade e novas perspectivas para milhões de famílias baianas e brasileiras.

Considero que contar essas histórias é necessário e pedagógico. Primeiro, para lembrarmos que já mostramos ser possível fazer diferente. Segundo, para romper preconceitos e provar que os índices e tendências políticas no Nordeste se devem ao reconhecimento de um jeito de governar que revelou para as pessoas que é plenamente possível viver melhor, com respeito, dignidade e direitos assegurados.

Como estamos chegando ao fim de mais um ano, tão sofrido por conta da pandemia e deste governo trágico que temos, essas lembranças nos ajudam a falar de esperança, algo que necessitamos mais que nunca. Que este novo ano que se aproxima seja de renovação, para que possamos, coletivamente, reconstruir um Brasil que garanta dignidade para todos, especialmente para os mais pobres e os que mais precisam.

Um feliz ano-novo de esperança a todas e todos.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1186 DE CARTACAPITAL, EM 2 DE DEZEMBRO DE 2021.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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