Afonsinho

Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

Opinião

cadastre-se e leia

Fora de campo

Entre as conquistas recentes do esporte brasileiro, a fila é puxada por Mayra Aguiar, tornada esta semana tricampeã mundial de judô

A judoca gaúcha conquistou sua sétima medalha em mundiais - Imagem: Kiril Kudryavtsev/AFP
Apoie Siga-nos no

Conforme avança a campanha e diminui o tempo para o segundo turno, aumenta a tensão. Avançam, ao mesmo tempo, os apoios daqui e de lá entre artistas, jogadores e todos os influenciadores possíveis.

Enquanto isso, mundo a fora, o esporte vai seguindo. Mesmo a castigada Ucrânia procura, a todo custo, manter suas atividades entre um bombardeio e outro – como este que atingiu a ponte de cristal na capital Kiev.

Do mesmo modo, a Copa vem se aproximando e os principais protagonistas vão tratando de se cuidar, puxando o freio de mão quando possível. Esse é, evidentemente, o caso de Neymar, que está pegando mais leve. Este pode, inclusive, ser o seu Mundial derradeiro – ou pode ainda levá-lo ao amadurecimento que lhe poderia garantir outro mais.

No Paris Saint-Germain, a despeito do que a mídia fofoqueira prega, o entendimento entre o jogador brasileiro e ­Mbappé tem funcionado sem maiores problemas, embora se saiba que o ego dos grandes astros seja gigante.

O jogador francês, de toda forma, manifestou insatisfação com o posicionamento de pivô indicado pelo técnico do clube, Christophe Galtier. Ele disse, primeiro, que na seleção francesa se sente melhor em campo. E depois referiu-se diretamente ao treinador. Por fim, talvez tentado pelos valores inimagináveis que lhe ofertam por aí, acusou o clube de traição. Mas, no fim das contas, quem ri por último é o magnata do Catar dono do time, que vê seu investimento render cada vez mais.

A nós, o que interessa é ver, enquanto possível, Messi, Neymar e Mbappé jogarem juntos. Não me canso de pensar que estou sonhando ao imaginar dois meninos sul-americanos brincando no jardim do Parc des Princes com um irmão africano.

Aqui pelo nosso lado, as definições de títulos, acessos e descensos vão se cristalizando, puxadas pelo Palmeiras. O time é, a esta altura, o virtual campeão da Série A do Brasileirão, mas, a cada ponto que deixa de ganhar, surgem falsas expectativas alimentadas por comentaristas. Tudo isso, no fundo, visa não esvaziar a disputa.

O Palmeiras, por seu turno, já administra a campanha, como se viu no jogo em que empatou com o Atlético Goianiense. Começou vencendo por 1 a 0, mas passou a cozinhar o adversário e sofreu o gol de empate no fim do jogo. Nada disso abalou, porém, o dedicado técnico português Abel Ferreira.

Em tempos de programas de governo e promessas tentadoras, vale a pena estar atento a uma iniciativa especial: o Recife Bom de Bola. Trata-se de um projeto voltado a times da várzea, capaz de mobilizar 10 mil jogadores entre mulheres e homens. São, ao todo, 385 times, com jogos sendo disputados em 70 campos.

A já tradicional Taça das Favelas é outro projeto que, além de mobilizar um número expressivo de jogadores, tem revelado jovens que passam a ter chance de ser aprovados em clubes profissionais.

Ainda sobre esse tema, do esporte como ferramenta de transformação social, insisto na proposta de construção de um sistema brasileiro de esportes, nos moldes do vitorioso SUS. Um sistema assim poderia tornar realidade a letra gravada na Constituição de 1988: o esporte como dever do Estado e direito do cidadão.

Fora dos campos, outubro tem guardado vitórias importantes para o esporte brasileiro. Entre as grandes conquistas, a fila é puxada pela extraordinária Mayra Aguiar, que conquistou, na terça-feira 11, no Uzbequistão, o tricampeonato mundial de judô. Já tendo vencido em 2014 e 2017, ela se tornou a primeira atleta brasileira a alcançar tal feito.  A vitória sobre a chinesa Zhenzao Ma garantiu à gaúcha de 31 anos sua sétima medalha em mundiais.

Também nesta semana, outra atleta brilhante, Raissa Leal, avançou como campeã da etapa americana do Mundial de Skate. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1230 DE CARTACAPITAL, EM 19 DE OUTUBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Fora de campo”

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

Leia essa matéria gratuitamente

Tenha acesso a conteúdos exclusivos, faça parte da newsletter gratuita de CartaCapital, salve suas matérias e artigos favoritos para ler quando quiser e leia esta matéria na integra. Cadastre-se!

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo