

Opinião
Estrada no céu
A chinesa Xpeng vai entregar carros voadores a partir do próximo ano
A Xpeng, fabricante chinesa de carros elétricos, decidiu que os lucros podem vir voando com mais ousadia. A XPENG AeroHT, divisão de modelos voadores, iniciou a operação, ainda experimental, da primeira fábrica inteligente do mundo voltada à fabricação em massa desse tipo de veículo. Localizada em Guangzhou, a planta de 120 mil metros quadrados já montou a primeira unidade do modelo “Porta-Aviões Terrestre”, um carro voador modular que combina mobilidade terrestre e aérea.
O veículo, uma minivan com seis rodas, é um porta-aviões com 5,5 metros de comprimento e pode circular em vias públicas com uma carteira de habilitação comum. A aeronave elétrica destacável, de decolagem e pouso vertical (eVTOL), possui modos de voo automático e manual e planejamento inteligente de rotas. A velocidade chega até 360 quilômetros por hora e tem autonomia de voo de 500 quilômetros.
Com capacidade de produção inicial de 5 mil unidades por ano, que poderá chegar a 10 mil, a XPENG já recebeu quase 5 mil encomendas. A produção em larga escala e as primeiras entregas estão previstas para 2026. O preço estimado é de 1,7 milhão de reais.
O lucro das massas
A M. Dias Branco, gigante do setor de alimentação, apresentou resultados sólidos no terceiro trimestre de 2025, impulsionados pelo forte crescimento das vendas e maior eficiência operacional. A companhia registrou receita líquida de 2,78 bilhões de reais, avanço de 15,8% em relação ao mesmo período de 2024. O volume vendido na mesma comparação foi 15,2% maior, totalizando perto de 482,9 mil toneladas. O lucro líquido atingiu 216,1 milhões de reais, alta de 73,3%, enquanto o Ebitda cresceu 39%, chegando a 318,1 milhões de reais. O crescimento foi impulsionado pelo bom desempenho das linhas de biscoitos e massas, estratégia de trade marketing mais agressiva e otimização da estrutura de custos. Segundo a empresa, a recuperação do consumo e o reposicionamento de marcas fortaleceram a presença da M. Dias Branco no varejo nacional, consolidando sua liderança no setor de alimentos.
A cereja do bolo diet
A disputa no mercado global de emagrecedores sempre olha para lucros gordos. Jornais de todo o mundo noticiaram a briga da Pfizer e da Novo Nordisk pela norte-americana Metsera, marca desconhecida da maioria dos consumidores, mas que promete ser tão popular quanto suas concorrentes.
Fundada em 2022, em Nova York, com aporte dos fundos Population Health Partners e ARCH Venture Partners, a Metsera surgiu com um foco claro, desenvolver terapias inovadoras contra a obesidade. Em três anos, a empresa saiu do estágio inicial para abrir capital na Nasdaq, levantando 275 milhões de dólares e despontando como a mais desejada das pequenas em um segmento bilionário.
O diferencial da Metsera está nos seus compostos NuSH, capazes de reduzir o apetite e melhorar o metabolismo com menos efeitos colaterais. Entre seus principais produtos estão o MET-097i, um agonista de GLP-1 de ação ultralonga. Diferente de seus concorrentes, a aplicação é mensal, o que permite muito mais comodidade para o usuário. O MET-233i, um análogo do hormônio amilina, combinado ao primeiro, potencializa a perda de peso. A empresa também desenvolve versões orais desses medicamentos.
Para a Novo Nordisk, líder de mercado com Ozempic e Wegovy, a compra seria uma forma de manter a dianteira tecnológica e ampliar o portfólio com opções de dose mensal. Para a Pfizer, que havia interrompido seu próprio projeto de remédio oral para obesidade, a Metsera representava uma volta imediata à disputa por um mercado que pode chegar a 150 bilhões de dólares nos próximos anos.
Após uma verdadeira guerra de ofertas, a Pfizer venceu a concorrência ao oferecer até 10 bilhões de dólares e garantir maior segurança regulatória que sua rival dinamarquesa, cujo domínio no setor poderia gerar entraves antitruste. O resultado complica a vida da Novo Nordisk, que enfrenta a concorrência da Eli Lilly, e recoloca a Pfizer em linha com o setor biofarmacêutico com maior potencial de crescimento nos próximos anos.
Vai dar pé
O terceiro trimestre de 2025 deixou clara a mensagem de que, para a Alpargatas, o ano vai dar pé. A empresa, dona da marca Havaianas, apresentou forte recuperação no terceiro trimestre de 2025, com lucro líquido de 171 milhões de reais, alta de quase 200% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida avançou 7,5%, chegando a 1,11 bilhão de reais. Merecem destaque os resultados da Havaianas Internacional. As vendas da divisão cresceram 7%, chegando a 4,9 milhões de pares. Na Europa, o crescimento foi de 8% e, nos EUA, o volume cresceu 15%. •
Publicado na edição n° 1388 de CartaCapital, em 19 de novembro de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Estrada no céu’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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