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Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

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Entre finais e listas

Me senti recompensado ao ver Gabriel Jesus reconhecido como o principal jogador da Champions League no ranking elaborado pela Uefa

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Gabriel Jesus. Foto: Reprodução/X
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No sábado 4, conheceremos o campeão da Libertadores. Às vésperas da partida, e sob risco de deixar registrado um erro meu, arrisco um palpite favorável ao tricolor das Laranjeiras.

Decisão em jogo único pode dar qualquer coisa, mas acredito que o Boca ­Juniors, em que pese sua tradição, pode levar uma “sapatada” – e digo isso não pela lógica, até porque, como sabemos, o futebol não comporta isso, mas pela diferença das propostas de jogo das duas equipes.

O Boca Juniors, como força popular, não é time que possa ficar cozinhando por muito tempo. E sabemos que chegou à finalíssima com algumas vitórias sendo obtidas nas disputas por pênaltis.

Além do mais, os times argentinos, exatamente como acontece com os nossos, têm sido obrigados a abrir mão de muitos jovens que eles próprios preparam, mas que são comprados por times de países mais ricos. Viramos, aqui na América do Sul, verdadeiras “barrigas de aluguel” para os times europeus.

Especulações à parte, é fato que a definição da Copa Sul-Americana, decidida no sábado 28 de outubro, em ­Maldonado, no Uruguai, foi um jogo que, embora não tenha sido um primor de técnica, foi muito disputado.

Até que se revelasse o campeão, acompanhamos a partida se estendendo pela prorrogação e, depois, pelos pênaltis. No fim, foi vitoriosa, com justiça, a equipe equatoriana da LDU, com maior grau de experiência. Mas o Fortaleza saiu da partida honrado.

Enquanto escrevo este artigo, eu mesmo me pergunto se não estaria insistindo demais em falar em final da temporada na América do Sul quando ainda faltam dois meses para terminar o ano esportivo.

Acontece que a quantidade de resultados “elásticos” e “viradas” sensacionais nos leva a pensar se isso se deve ao descontrole de times – em desespero de causa – ou se estamos, na verdade, vivenciando um prenúncio de novos velhos tempos em nosso futebol.

Apenas como exemplo do que quero dizer cito os seguintes resultados: depois do 7 a 1 do Inter de Porto Alegre contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro, tivemos, na mesma competição, Palmeiras 5 a 0 São Paulo e Fluminense 5 a 3 contra o Goiás. Soltaram-se as amarras?

Em se tratando de maneiras de jogar, volto a refletir sobre a situação que tenho descrito aqui: a enorme ­quantidade­ de jogos acumulados, uns por cima dos outros, o que acaba por gerar situações de descontrole. Isso volta, inclusive, a acontecer com o Botafogo, e ocorreu também na partida da Seleção Brasileira contra a Venezuela.

A Seleção montada em seu passado de glórias e o Botafogo na condição de líder folgado no Brasileirão levaram para o campo essa condição traiçoeira de encarar o jogo como algo corriqueiro. Como diz a expressão popular, caíram do cavalo. E é impressionante notar como isso se repete cada vez com mais frequência.

Em situações de encontro de equipes em condições extremas de qualidade, existem jogos que são de um time só. Mas, para que isso aconteça, a equipe líder precisa definir logo de cara a diferença das posições da tabela e impor a razão dos números. Não existe jogo corriqueiro ou normal.

Do outro lado do mundo, o ano esportivo vai pelo meio com as indicações de premiados. Lionel Messi leva, pela oitava vez, a “Bola de Ouro” atribuída pela imprensa francesa.

Nessa onda de balanço de fim de ano, Vinícius Junior é premiado pela dedicação ao seu projeto social voltado à comunidade onde ele próprio cresceu, em São Gonçalo, celeiro tradicional de craques e região de graves problemas sociais no estado do Rio de Janeiro.

Vini Jr., neste ano, está classificado entre os dez melhores jogadores de futebol em atividade em todo o mundo. Em se tratando de atuações individuais, alguns jogadores vão se destacando no decorrer da temporada.

Me senti recompensado ao ver Gabriel Jesus tendo seu empenho reconhecido. O atacante foi considerado, em um ranking elaborado pela Uefa, o principal jogador da Champions League após as três rodadas iniciais da fase de grupos.

Da mesma forma, salta da curva o jovem inglês Jude Bellingham, parceiro de Vini Jr. e de Rodrygo no Real Madrid. A cada jogo, o atleta surpreende o próprio técnico Carlo Ancelotti.

A alegria destes dias fica por conta da delegação brasileira no Pan-Americano, que acontece em Santiago, no Chile. Na segunda-feira 30, o País chegou ao segundo lugar no quadro de medalhas, com 112 pódios. •

Publicado na edição n° 1284 de CartaCapital, em 08 de novembro de 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Entre finais e listas’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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