Se confrontarmos os primeiros cem dias da política externa do novo governo com a diplomacia da gestão Bolsonaro, o contraste é brutal. Saíram de cena a gestão alucinante de Ernesto Araújo e o reacionarismo soft de Carlos Alberto França. A isso se soma a exuberante diplomacia presidencial exercida pelo presidente Lula, desde antes da posse. Diante do quadro, pode-se dizer sem exagero que “o Brasil voltou”, como repetem os governistas. Ambiguidades na condução dos negócios externos colocam em dúvida, porém, a existência de um projeto definido na área.
Se tomarmos por base as diretrizes emanadas pela chapa vencedora antes da eleição ou da posse, perceberemos a ausência de um plano de voo que vá além da retomada de linhas de duas décadas atrás. O exame do programa de campanha ou do relatório final do gabinete de transição governamental, divulgado no fim de dezembro, pouco esclarece sobre o tratamento a ser dado a problemas concretos, apesar de enfatizar o fim do isolamento internacional e a defesa do multilateralismo.
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