Há quatro anos, nós, indígenas, somos vítimas do bolsonarismo, do garimpo, do agronegócio e de todo o projeto ecocida que se instaurou em nosso país. Estamos em luta e denunciando a violência que nos atinge desde sempre em nosso maior palco, que é o chão da luta. Agora, com os holofotes voltados para a crise humanitária Yanomâmi, mais pessoas podem ver os crimes que devastam os nossos territórios. As saídas são o combate ao garimpo ilegal e a demarcação dos territórios. Temos certeza de que políticas públicas eficazes serão implementadas com a chegada do nosso novo e ancestral Ministério dos Povos Indígenas.
Mesmo com a mudança de governo, as investigações pelas omissões e pelo descaso do antigo presidente e seus aliados, a luta continua. Há ainda os que querem criar mecanismos institucionais em defesa dos garimpeiros. O maior exemplo é a criação da Comissão Externa Yanomâmi no Senado Federal. Iniciativa de três deputados aliados do garimpo em Roraima e presidida pelo senador Chico Rodrigues, ela pode significar uma apuração que não prioriza os direitos dos povos indígenas. Como deputada indígena, fui chamada a participar como convidada e sem poder de voto. Aceitei por acreditar na importância de fazer frente ao discurso do garimpo, mas isso não anula a disputa instaurada sobre a pauta. Pergunto-me a quem interessa a não apuração dos crimes cometidos.
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