Afonsinho

Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

Opinião

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Eleições e Copa

Antes de curtir o Mundial de Futebol, precisamos derrotar a barbárie nas urnas e garantir que o resultado seja respeitado

FOTO: JEFERSON GUAREZE/AFP
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Chegou a hora, não tem mais para onde correr. A bola dividida é entre civilização e barbárie. Fico pensando como chegamos a esse ponto de humilhação, sem esquecer a sucessão de golpes a que os brasileiros foram submetidos ao longo de sua história. Parece que, de tempos em tempos, os donos do poder afrouxam as rédeas para aliviar as tensões sociais. Mas logo depois puxam o freio novamente, impondo um novo suplício ao povo.

Há poucos dias, atravessamos mais um 7 de Setembro, no qual celebramos o bicentenário da Independência em­ ­relação à coroa portuguesa. Permanecemos, porém, submetidos ao império inglês e, depois, ao poder do capital, que ganha feições escravagistas no modelo neoliberal.

Estas eleições nos atingem num momento de crise mundial, com a guerra da Ucrânia a expor as fissuras entre o Ocidente e o Oriente. Estamos como o marisco, entre a rocha e a maré. Em princípio, essa rivalidade nos coloca em situação especial de barganha. Talvez seja uma oportunidade para conquistar uma independência de fato, liderada por um brasileiro autêntico com raro talento de negociador político. Se é que é possível vencer nesse campo sem apelar para a violência.

A eleição do grupo de partidos liderado por Lula interessa à imensa maioria da população, exceto aos ultradireitistas guiados por um sentimento de repulsa cega a qualquer avanço na agenda de direitos humanos e a qualquer iniciativa que redistribua riqueza no País. Depois de quase quatro séculos de escravidão, de exploração colonial e Império, de República sacudida por golpes, querem retroceder ainda mais?

Diante desse dilema, retornamos às urnas na expectativa de encontrar o caminho da prosperidade, um lugar de destaque que nosso país merece desempenhar por suas dimensões territoriais, riquezas naturais e conformação social. O Brasil tem muito a contribuir para o mundo, sobretudo em relação à convivência pacífica com diferentes povos.

Voltando à nossa humilde condição e botando a bola no chão, estamos às portas da Copa do Mundo. A seleção brasileira jogou os dois últimos amistosos, deixando no ar grande euforia diante dos “passeios” nas seleções de Gana e Tunísia, dois adversários bem escolhidos pelas dificuldades que sempre encontramos contra o estilo africano e pelo fato de não pertencerem ao grupo das favoritas do Mundial. Ninguém precisa passar por um constrangimento às vésperas da competição.

Foram duas apresentações animadoras pela facilidade do resultado alcançado e pela desenvoltura do time nas alternativas ensaiadas. Agora, é dar de cara com o “monstro” daqui a pouco mais de um mês. Na primeira partida, fiquei decepcionado com a atuação do Antony e do Raphinha, principalmente deste último, um tanto dispersivo, sem objetividade. Logo eu, que sempre defendi a importância dos pontas autênticos.

E não é que os jogadores que dependiam desses amistosos para confirmar ou não sua participação na Copa desencantaram no segundo jogo contra a Tunísia? Raphinha fez um golaço meio “espírita” num lançamento inusitado do Casemiro de longa distância e teve boa atuação. O Pedro fez o seu em arremate espetacular e pôde fazer a comemoração que nos faltou lembrar na semana anterior, sua característica “reverência”.

No quesito das manifestações dos torcedores depois da badalada crítica à “dancinha” do Vini Jr., foi a vez de mais uma provocação com o desgastado lançamento de uma banana aos pés do Richarlison, que acabara de assinalar mais um tento na goleada elástica de 5×1 sobre a Tunísia.

Dentre as tantas decisões que se acumulam neste período pré-Copa, os destaques foram a confirmação do acesso à serie B do Mirassol, Botafogo-SP, ­ABC-RN e Vitória da Bahia. Na série A, os técnicos portugueses têm sido mantidos, mas, quando acabarem seus contratos com clubes brasileiros, certamente vão ter que tirar um ano sabático, tamanha a pressão a que são submetidos em terras “d’Além mar”.

P.S.: Sensacional a realização do Festival Paralímpico com 15 mil participantes em 98 cidades brasileiras. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1228 DE CARTACAPITAL, EM 5 DE OUTUBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Eleições e Copa “

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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