Opinião

Efeito Bolsonaro: turismo estrangeiro no Brasil recua 5%

O País está na contramão do resto do planeta, que registrou alta

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
Apoie Siga-nos no

Não adiantou dispensar unilateralmente o visto para turistas norte-americanos. Ou o ministro da pasta se comportar como o Tatoo da Ilha da Fantasia na recepção da primeira leva de visitantes dos Estados Unidos dispensados da burocracia. Ou Jair Bolsonaro oferecer as mulheres brasileiras aos ávidos estrangeiros em busca de sexo. No primeiro semestre deste ano, informa a Organização Mundial do Turismo, os viajantes internacionais fugiram do Brasil. A queda no número de visitantes foi de 5% em relação ao mesmo período do ano passado, dado que fica pior quando comparado à alta de 4% no geral e 8% no Oriente Médio. Dentre as regiões e subregiões, só a América Latina registrou recuo.

O quanto da péssima imagem do País teria pesado neste resultado? Bolsonaro, sabe-se, não é um mandatário querido mundo afora. Suas diatribes contra líderes internacionais, os sucessivos micos, a destruição da Amazônia e o obscurantismo das políticas para educação e ciência horrorizam o planeta, do nascente ao poente, da Antártida ao Círculo Ártico. Não bastasse, o presidente esforça-se particularmente para atrapalhar o turismo, caso de suas declarações contra visitantes LGBTs, responsáveis por movimentar bilhões de dólares no setor. “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, do turismo gay. Temos famílias”, declarou em abril.

A defesa da família, neste caso e como de costume, escora-se no cinismo. Na mesma oportunidade, Bolsonaro ofertou: “Se quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. Prova de seu elevado padrão moral.

O presidente consegue errar até na escolha de quem representa o País aos olhos do mundo. Convidado pela Embratur, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho tornou-se um notável caso de embaixador do turismo impedido de promover sua nação. Por se recusar a pagar uma multa de 9,5 milhões de reais determinada pela Justiça gaúcha, o ex-jogador teve o passaporte confiscado e não pode atravessar as fronteiras. Talvez recorra ao Twitter para convencer mais turistas a visitarem o Brasil.

É cômico. E ao mesmo tempo trágico. Uma das promessas de Bolsonaro, de agrado dos fanáticos, era impedir que o Brasil se tornasse a Venezuela ou a Coreia do Norte. Nenhum outro presidente demonstrou, porém, tanta habilidade para destruir a imagem do País e gerar antipatia internacional. Lembra Kim Jong-un.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo