O fato mais relevante de 2023 foi o brutal ataque à democracia ocorrido em 8 de janeiro. Talvez seja o fato mais relevante, desde já, do terceiro mandato de Lula da Silva ou ainda o fato mais relevante da História da Nova República desde o fim da ditadura. Por infelicidade. Claro, golpes de Estado – mesmo os fracassados – são sinais de fragilidade das instituições e de inconformidade com a norma constitucional democrática. Mesmo que alguns políticos, vocalizando instituições republicanas, fiquem roucos de repetir que as “instituições funcionaram”, a verdade é bem mais dolorosa.
Deu-se um ataque contínuo e organizado, partindo de vários setores da própria República, contra as instituições. Perseguiu-se o descrédito das urnas eletrônicas, do sistema eleitoral e, pior de tudo, dos tribunais superiores (TSE e STF). Seus ministros foram atacados e ameaçados. As sedes dos Três Poderes foram depredadas. Claramente, isso não faz parte do funcionamento “normal” das instituições. Mais que isso: o golpe foi anunciado, preparado e desferido, em etapas, a partir de centros do próprio Poder e, no seu ápice, amparado por instituições do Estado, seja por ação ou inação.
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