Bruna Brelaz

Estudante de direito, foi presidenta da UEE- Amazonas e atualmente é presidenta da UNE (2021- 2023). É a primeira mulher negra à frente da entidade e também a primeira estudante da região Norte

Opinião

É hora de uma frente ampla pela democracia

Tenho costurado com diversas lideranças, como Lula, Ciro Gomes e FHC, a formatação de um ambiente que seja capaz de lotar as ruas

Nova presidente da UNE tem mandato previsto até julho de 2022. Foto: Yuri Salvador
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Não se passa uma semana sem que Bolsonaro e seu governo crie o caos no país, seja pelos recorrentes ataques à democracia, pela negligência com as questões ambientais, pelo negacionismo à ciência seja pela falta de projeto e retrocessos na educação.

E, desde a “retomada das ruas”, em maio deste ano, em mobilizações simultâneas nacionais e internacionais contra este (des)governo, milhares de brasileiros se levantaram contra  a condução irresponsável do país na pandemia, que representou a perda de mais 600 mil vidas. Entretanto, a espiral trágica dos retrocessos está longe de ter um recuo. No dia 7 de Setembro, Bolsonaro deu um recado claro ao país: avançar sobre a democracia e a Constituição para implementar a fórceps seu projeto de poder.

Como presidenta da UNE, esta entidade que tem 84 anos de atuação, que representa  cerca de 8 milhões de estudantes universitários, que sempre fez a defesa intransigente da educação pública e gratuita, da democracia e da soberania nacional, vejo que o momento que atravessamos é gravíssimo para os estudantes, para a juventude e impacta diretamente o futuro da nossa geração. Entendemos que mais tempo do (des)governo Bolsonaro e de sua permanência na Presidência da República levarão sérias consequências para o futuro democrático do Brasil. Bolsonaro hoje é a maior ameaça à democracia e ao principal elemento que a sustenta, as eleições e o voto popular, que ele insiste em atacar e ameaçar.

O dia 7 de setembro não pode ser subestimado e precisa de respostas à altura. Tenho costurado com diversas lideranças do movimento social e dos partidos, como Lula, Ciro Gomes, Fernando Henrique Cardoso, a formatação de um ambiente que seja capaz de lotar as ruas em uma agenda permanente de mobilização. Foi neste sentido também que no dia 12 de setembro optei, enquanto liderança do movimento social, a  me somar contra o governo Bolsonaro, convocado por grupos do qual temos profundas divergências sobre as lutas identitárias, condução econômica e de direitos.

Meu gesto e de outras lideranças da esquerda representam um grande chamado coletivo para que nas próximas manifestações, nos dias 2 de outubro e 15 de novembro, as mobilizações recebam mais brasileiros, mais instituições, mais grupos e partidos a fim de unir forças e promover o impeachment do presidente Bolsonaro pelos inúmeros crimes de natureza civil, penal e de responsabilidade que tem cometido nos últimos dois anos de seu (des)governo. O impeachment é urgente. Não é possível domar o bolsonarismo, ele é antidemocrático por natureza. É hora de construir um grande levante com todos e todas, independentemente dos posicionamentos políticos, na defesa do Estado Democrático de Direitos.

Com o apoio dos estudantes, da juventude brasileira, nos moldes das Diretas Já – movimento amplo em defesa do voto e eleições diretas; dos “caras pintadas” do movimento Fora Collor, nos anos 1990, do Tsunami da educação em 2019 – primeiras manifestações massivas contra Bolsonaro, a UNE convocará outra vez as novas “Caras da Democracia” para transformar essas que devem ser as maiores manifestações políticas do nosso tempo.

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