Dogmas monetários renitentes

Roberto Campos Neto está virando unanimidade negativa

No limite. Para 76% dos brasileiros, Lula está certo ao confrontar Campos Neto, do BC, para reduzir os juros - Imagem: Raphael Ribeiro/BCB

Apoie Siga-nos no

O problema que o Banco Central representa vem se agravando com a teimosia do seu presidente, que insiste em manter os juros na lua e demora a sinalizar o início da redução, já tardia, uma vez que a maioria dos indicadores relevantes justifica cada vez mais claramente essa redução. Não quero falar hoje da conjuntura da política monetária brasileira, mas sim de questões estratégicas que permeiam o debate sobre moeda e juros, não só no Brasil, como também em muitos outros países, mas que nem sempre são explicitadas e sequer reconhecidas nas discussões nacionais. Elas constituem o pano de fundo para as dificuldades que enfrentamos na área monetária.

Refiro-me a duas questões interligadas: a autonomia legal do BC e o regime de metas de inflação. São políticas reverenciadas entre nós, mas muito discutíveis, para dizer o mínimo. Viraram dogmas desde o início dos anos 1990 em grande parte do mundo ocidental, e acabaram sendo importadas pelo Brasil – o regime de metas em 1999 e a autonomia legal do BC em 2021.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

4 comentários

ricardo fernandes de oliveira 1 de julho de 2023 11h03
A despeito da autonomia do bc, a lei complementar prevê hipóteses de demissão do presidente do bc. E o atual presidente do bc se encaixa nelas. Logo, não é demitido porque o presidente do Brasil não quer. Essa conversa e a mesma do Bolsonaro reclamando do presidente da Petrobras
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 2 de julho de 2023 23h31
A relutância e teimosia do presidente do Banco Central parece até uma birra de criança mimada, no caso de Campos Neto, talvez pela derrota política do seu padrinho Jair Bolsonaro, ele está mais irascível e antilula do que nunca. Se já estamos em outra realidade econômica, em outra conjuntura política governamental é condito sine qua non que o presidente do BACEN se afine com o governo e não insista em manter os juros estratosféricos. Até o pessoal do mercado, da FIESP, do agronegócio, da Febraban estão contra essa espécie de relutância infantil do neto de Roberto Campos. Penso que até se seu avô estivesse vivo, estaria contra ele nos dias de hoje. Mais uma excelente reflexão e constatação, prezado xará!
José Carlos Gama 4 de julho de 2023 21h15
A genialidade do presidente Lula esta novamente aflorada, uma vez que só ele, de forma veemente, reclamará do presidente do banco do central sobre a manutenção da taxa celic muitos acharam exageradas suas obeservações, mas se esquecem que a taxa de 13,75% vem sangrando a economia desde agosto de 22, obrigando os brasileiros apertar ainda mais o cinto até o último buraquinho - sempre de frente para traz.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 11 de julho de 2023 13h20
Prezado Ricardo: nem sempre o que o presidente quer ou pode é realisticamente possível. JB não demitia o presidente da Petrobras para não desagradar os acionistas que ganharam fortunas Lula não demite Bob Fileds Grandson para não esculhambar a sua frágil base política. Você acha que, se Lula demitisse RCN, mesmo coberto de boas razões legais e econômicas, a malta antilulista/antipetista não correria a pedir seu impeachment e a botar os patos na rua DE NOVO?

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.