Opinião
Dissonâncias econômicas
As críticas de petistas ao plano fiscal deixam o governo à mercê da oposição
O PT, por meio de sua presidência e de alguns dirigentes, tem se colocado numa linha crítica às definições da política econômica do Ministério da Fazenda. O fulcro da crítica está na definição da política fiscal, conceituada como “arcabouço fiscal”. As dissonâncias são tão evidentes que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, recebeu o epíteto de “líder da oposição”.
Os defensores de Gleisi argumentam que ela tem o direito de expressar sua posição, que consiste em defender uma política fiscal expansionista e de redução tributária. Em tese, Gleisi tem esse direito. A democracia permite que qualquer um possa se manifestar sobre quase tudo. Mas ela não é uma qualquer. É presidente do principal partido do governo. Na ação política, as liberdades e direitos opinativos são amarrados por uma série de condicionalidades determinadas pelas circunstâncias e pelo lugar que cada um ocupa no conjunto das relações de alianças e conflitos. Assim, a liberdade de opinião não é absoluta. A depender da posição do agente, a liberdade de opinião pode ser condicionada pelos princípios da responsabilidade, da prudência e da lealdade. A liberdade de opinião da presidência do PT, ao menos nos temas centrais das políticas do governo, está condicionada exatamente por esses princípios.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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