Delação sem prêmio

Os testemunhos dos ex-comandantes das Forças Armadas não deixam dúvida sobre o início da execução da tentativa de golpe

A invasão do Congresso Nacional no 8 de Janeiro. Foto: AFP

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O bolsonarismo foi o maior desafio enfrentado pela democracia brasileira nas últimas décadas. Medo, ódio, ressentimento, decepção, raiva e angústia foram capturados através de narrativas pretensamente legitimadoras da imposição de mecanismos de segregação e violência, em prejuízo da pluralidade e da tolerância. Como se não bastasse a fragilização do sistema de proteção de direitos e das instituições, os mais recentes detalhes da trama golpista, revelados por testemunhos de ex-comandantes das Forças Armadas, nos mostram, inequivocamente, que foi tentado um golpe de Estado.

Já sabíamos que a execução de uma tentativa de ruptura democrática ocorreu através da elaboração de um Decreto de Estado de Defesa. Nos termos da minuta apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres, o então presidente da República pretendia uma declaração jurídica pretensamente legitimadora do golpe. Ocorre que a minuta de decretação de Estado de Defesa foi apenas um dos capítulos da trama golpista.

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3 comentários

José Carlos Gama 23 de março de 2024 13h36
Tenho impressão que podemos prender um herói com todas as aspas. Não podemos fugir do devido processo legal, mas ao mesmo tempo, parece que estamos dividindo territórios para sempre a caminho de um confronto cível. O tal sangue na calçada está próximo para acabar com a farça da democracia e do homem cordial?
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 24 de março de 2024 16h13
No meu modesto conhecimento, acredito que o pessoal das Operações Psicológicas do General Teóphilo trabalhou bastei nesse empreendimento. Todos os indícios de guerra psicológica estão ali. para o bom entendedor, meia palavra basta. Mas, como acertadamente diz o professor Serrano, não se pode atropelar o due process of law, sob pena de criarmos um novo lavajatismo. Ou usarmos os mesmos métodos…
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 25 de março de 2024 00h33
É fato de que apesar de toda a robustez probatória contra Bolsonaro e todos os que tramaram o golpe de Estado, o atual governo nem tampouco o judiciário brasileiro não pode se equiparar ao que fizeram os agentes da famigerada Operação Lava Jato de Moro, Dallagnol , Rodrigo Janot e cia. Dia após dia aparecem novas evidências e provas em demasia. Já se tem em relação ao crime de Marielle Franco, nomes, sobrenomes dos executores e mandantes que , certamente têm algum liame com o golpismo bolsonarista. O mais curioso é que foi o próprio Bolsonaro quem sancionou a Lei 14.197 de 01/09/2021 que substituiu a antiga Lei de Segurança Nacional e que está sendo agora alvo da própria lei que assinou. Mas de fato, o Estado brasileiro precisa ter o cuidado de se utilizar de todos os princípios e garantias constitucionais a fim de responsabilizar os acusados dentro do processo legal e do Estado Democrático de Direito para que mostre a quem de direito que o Brasil é de fato é uma democracia que o próprio Bolsonaro e bolsonaristas quiseram destruir.

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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

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