Opinião

Debate climático toma rumo indecente. E o Brasil não colabora

Os EUA, principalmente sob Donald Trump, não são nossos clientes, mas concorrentes, e dos piores

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Indecentes. Não acho termo melhor para expressar os rumos a que Brasília, representada pelo Poder Executivo empossado em 1º de janeiro de 2019, leva o país.

Pensei em patéticos, medíocres, danosos, devastadores. Ainda seriam leves. Talvez, somados, todos adjetivos de negação coubessem neles, mas nem assim fariam os adeptos do mito se revelarem desiludidos. Em qualquer classe social. Nem me refiro ao presidente, tantos foram seus despautérios nos últimos dias, explícitos ou implícitos.

Persigo o que, hoje em dia, ocorre com o debate climático no planeta, e nós aqui com um Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e um do Meio Ambiente, Ricardo Salles, completamente tatibitates em relação ao saber científico. Pior: preparados para entregar de mão beijada nossas biodiversidade e negociações comerciais a países de muito maior poder hegemônico.

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Canso de escrever. Os EUA, principalmente sob Donald Trump, não são nossos clientes, mas concorrentes, e dos piores.

Mesmo eles, no entanto, pela sociedade e de forma intestina, perceberam o quanto poderão penar subalternos ao pensamento de seu pele-laranja. Movem-se em duas direções: 1) documento assinado por 3.333 economistas, segundo o editor e principal analista econômico do Financial Times, Martin Wolf, “entre os quais, quatro ex-presidentes do Federal Reserve, 27 laureados com o Prêmio Nobel, e dois ex-secretários do Tesouro”, sobre os dividendos de carbono que os EUA ganhariam mantendo uma posição mais flexível. Para mais detalhes, o artigo de MW foi publicado em 20 de fevereiro passado, com o título “Esquenta o debate climático nos EUA”; 2) o outro movimento pode parecer mais utópico, inverossímil, pois necessitaria de investimentos, talvez, impensáveis na situação econômica atual do país.

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Trata-se do “New Deal Verde”, plano criado por um grupo de deputados Democratas no Congresso, liderados por Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), uma ex-garçonete de bar no Bronx, de 29 anos.

Os EUA são o segundo maior país do mundo emissor de gases-estufa, apesar de seus recursos tecnológicos de ponta, mas desconfiadamente rebeldes em não aceitar os preceitos para enfrentar a ameaça climática.

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Mas, do bem, o que pretende a garota AOC? Quando fala em “atender 100% da demanda por energia elétrica, nos EUA, de fontes energéticas limpas, renováveis, e de emissões zero (…) e a modernização das atuais construções norte-americanas, até destruindo-as, para obter eficiência energética máxima”, por certo AOC põe o dedo na ferida dos EUA profundo e de seu capitalismo de interesses nunca compartilhados.

Claro que o grupo Democrata fez as contas. Isto, representaria uma mudança central no sistema econômico norte-americano. Analistas exageram: os Democratas estão querendo implantar o socialismo nos EUA. Não fossem risíveis, como é a nossa nova administração, para tanto seriam necessários USD 6,6 trilhões por ano a mais no orçamento federal, um aumento de 70% sobre os atuais USD 4 trilhões.

É quando o faniquito conservador logo alevanta Stars and Stripes, sem perceber que o New Deal Verde, mais do que uma gastança, é uma provocação, chamada ao debate, diante da cegueira de Donald Trump e seu descaso pelas demais nações do mundo em relação ao debate climático.

Mais infelizes nossos dois energúmenos acima citados, pois o Brasil não tem 10% dos problemas de nações altamente industrializadas. É burrice, mesmo.

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