De quem a agropecuária sempre precisará

Civilizamo-nos aos pontos da harmonia e do respeito territorial? Não creio

Crédito: Fotokostic/iStock

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Para quem abandona a racionalidade e trata dos elementos primordiais para o desenvolvimento de uma nação apenas em base às suas opções políticas, similares às clubísticas, de forma muito desprendida, sugiro que não leiam esta coluna. Partidária, oportunista e equivocada, dirão. 

Não é, mas assim será lida dentro dos cânones que determinam as implicâncias que, historicamente, persistem entre governos supostos de esquerda e o setor agropecuário. 

Antes de tudo, é preciso considerar que as atividades agrícolas e pecuárias são milenares e vêm da necessidade de alimentação de seres humanos, da fauna e da própria flora. Nos primeiros, como caça e depois como criação, plantio e processo predatório. Na fauna, entre herbívoros e carnívoros, a sequência é a mesma. Em qualquer classificação, a água e o elemento oxigênio entram como insumo essencial e, hoje em dia, já percebidos como, se não preservados, finitos. 

Desde os primórdios da vida do planeta. Com a evolução das espécies e, sobretudo, a criação das moedas de troca e dos sistemas políticos e econômicos reificando sobre o meio social, pinimbas várias tomaram dimensões causadoras de gerar infindos conflitos armados, mesmo guerras de amplitude mundial. 

Civilizamo-nos aos pontos da harmonia e do respeito territorial? Não creio. Até hoje, nem mesmo as religiões, mono ou politeístas, foram suficientes para ensinar que ganância e cobiça não devem reger a vida das pessoas, principalmente, depois que o capitalismo passou a ser o modelo econômico mandatário em todo o mundo. 

Será, por acaso, que as famílias agricultoras da Faixa de Gaza, Israel, Rússia, Ucrânia, países da África Subsaariana, Bolívia, Equador, algumas regiões da América Central, alimentam cândidas discussões sobre tomar de assalto terras indígenas para exploração de minérios e madeiras nobres? Ou desflorestar para gastar o que em pé, devidamente explorado, custa menos do que o derrubado, e dá muito mais dinheiro. 


Nem mesmo o óbvio do capitalismo foram capazes, em séculos, de aprender. É aritmética. Nem precisariam evoluir à matemática. Não ficaria difícil. Precisariam apenas introduzir algumas respostas ao título da coluna: 

  • Trabalho humano. Mão de obra rural, não escrava, bem remunerada, e se não empregada por patrões capitalistas, com suficiência de custeios em financiamentos, preços compensadores diante do mercado, leilões que equilibrem o excesso de oferta. Coisas que permitam, pelo menos, reproduzir a mais-valia e um saldo para lazer e novos investimentos;
  • Inovação tecnológica. Hoje em dia, são provenientes dos próprios caboclos, camponeses, campesinos, ruralistas, sertanejos, tabaréus, na experiência de campo em suas repetições e lidas diárias;
  • Através dos tempos, foram se aprimorando por cientistas em centros de excelência mundiais. No Brasil, da Embrapa (1973), criada pela ditadura militar que, ao mesmo tempo em que torturava e matava meus amigos, punha-me, por poucos dias na cadeia, criava um projeto econômico de matriz direitista, que até hoje nos é benfazeja, senão única;
  • A ela se uniram, como Ciências Agronômicas, em Piracicaba (SP), a ESALQ (1896 – pedra fundamental), Lavras (MG), Viçosa (MG), Seropédia (RJ), e tantas Federais, espalhadas por todos os estados;
  • E o Brasil se tornou uma potência agropecuária mundial, sem bem entender para quê.

 


Como? Por que não? O que não entendeu? 

O que ensina a professora ítalo-britânica, da Universidade de Sussex, e também de Londres, Mariana Mazzucatto (leiam tudo o que ela escreve). Faltou o principal: o Estado. 

Sem ele e com um condutor igual a Luiz Inácio Lula da Silva, o caminhar para o futuro será muito mais lento. 

Paro aqui, hoje. Na próxima semana, se CartaCapital permitir, continuarei, para infelicidade da stronza bancada ruralista. 

Inté!

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