Frente Ampla

CPI da Covid-19 demonstrou várias faces da política

Quando se tem um governante como Bolsonaro, a fiscalização deve ser bem mais árdua para abranger todos os aspectos da vida nacional

Sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, em maio deste ano. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O Brasil parou em 26 de outubro para assistir ao desfecho dos trabalhos da CPI da Covid-19, um esforço histórico do Senado da República para desvendar a trama macabra que já custou a vida de mais de 600 mil pessoas e para identificar os responsáveis por essa tragédia.

Muito já se falou dos resultados alcançados com os trabalhos da CPI, mas é importante ressaltar que, desde o último abril, quando a comissão foi instalada, defrontaram-se duas faces da política.

Ao longo de cinco meses de investigação, os brasileiros e brasileiras puderam ver representantes eleitos atuando sem descanso para defender a vida da população. Do outro lado, vimos a crueldade de um governo que também foi eleito, mas não sabe honrar a confiança que recebeu de parcela significativa do nosso povo.

Porque, ao contrário do que os espertalhões que demonizam a política pretendem estabelecer como verdade, é por meio dela, da política, que as sociedades identificam, debatem e encontram as soluções para seus problemas e desafios.

A CPI da Covid foi, possivelmente, a mais importante, mais complexa e mais diversa da história do Brasil, porque teve como objeto a maior tragédia de nossa história, uma catástrofe que, no Brasil, ceifou 4,5 vezes mais vidas do que a média mundial.

Ficou provado, ao final das investigações, que o que nos levou a essa marca terrível e vergonhosa foi a gestão da pandemia por parte do governo federal.

A CPI identificou os responsáveis pela péssima gestão da pandemia e apontou seus interesses. Agora cabe ao Ministério Público e ao Judiciário dar seguimento ao processo.

O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR

Nós, que fazemos política, não vamos descansar. É preciso continuar trabalhando para reverter os indicadores calamitosos na economia, para minorar a fome de tanta gente, para frear a irresponsável política de preços dos combustíveis e para enfrentar a crise energética.

Em 28 de outubro, o Senado instalou a Comissão Temporária Externa que irá monitorar e fiscalizar as causas e os efeitos da crise hídrica no Brasil, a chamada “Comissão do Apagão”, que tenho a honra de presidir. É mais um esforço de uma das faces da política para enfrentar o descalabro promovido pela outra face: ao longo de 180 dias, vamos trabalhar para identificar as causas e efeitos da crise hidroenergética e buscar soluções que garantam a segurança energética e a modicidade tarifária do Sistema Elétrico Brasileiro (SEB).

Em qualquer circunstância, é dever do Parlamento fiscalizar o Executivo e propor alternativas. Quando se tem um governante como Bolsonaro, o trabalho é muito mais árduo e precisa abranger rigorosamente todos os aspectos da vida nacional. Se a pandemia parou o País, o apagão de Jair Bolsonaro no setor energético promete atrasar ainda mais a retomada da economia e da normalidade.

São as consequências de se ter como ocupante do Planalto um representante da pior face da política. Um homem cujo despreparo e descaso para com o Brasil se provam em cada palavra, cada gesto e cada canetada.

Nós, que fazemos política, não vamos descansar.

Desde o início deste governo, os sinais eram muito claros. Fui relator da Comissão Temporária Externa que investigou os derramamentos de óleo nas praias brasileiras. Se o País tivesse prestado mais atenção às atitudes do presidente e de sua equipe naquele incidente, talvez tivéssemos ali já visto indícios claros do comportamento que ele teria em relação aos incêndios na Amazônia, no Pantanal, em relação ao preço dos combustíveis, em relação à inflação dos alimentos, em relação à crise energética, em relação a programas sociais, em relação ao auxílio emergencial.

Agora, que a pior face da política nos olha nos olhos, sem qualquer disfarce, já sabemos que esse governo acabou. Não tem mais credibilidade e condições para propor e aprovar nada de sério, de estrutural, de, de fato, modificador da realidade brasileira.

Esqueçam os desvarios privatizantes, desistam da torra do patrimônio público e da devastação do que resta dos programas sociais.

Ao governo Bolsonaro só resta caminhar os últimos metros de seu cortejo fúnebre e afundar em sua tumba, enquanto o Brasil retoma a marcha do desenvolvimento e da felicidade.

À bancada, senador Jean Paul Prates (PT-RN). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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