Afonsinho

Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

Opinião

Copa do Brasil S/A

O balanço final apresenta, no futebol, a confirmação dos melhores times: Palmeiras e Atlético Mineiro

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Mineiramente, o Galo foi cozinhando os adversários, ganhou o Campeonato Mineiro em banho-maria, foi engrossando o caldo, papou o Brasileiro e, completando a Tríplice Coroa, jantou na noite desta quarta-feira a Copa do Brasil, passeando sobre o Athletico-PR inapelavelmente.

O Atletico-MG só ficou sem sobremesa porque não teve o olho grande do Flamengo, que acabou com as mãos abanando e vai ter um ano-novo de remodelações. Os contratos de boa parte do elenco terminam durante a nova temporada e as movimentações no “Mengão” já começaram.

Não é que o time mineiro não tivesse pretensões de ir além da Tríplice Coroa. Mas o jogo de ida da decisão da Copa do Brasil, com uma goleada por 4 a 0, foi mesmo um passeio sobre o time paranaense, que, como sempre se diz, não viu a cor da bola. Partidas assim, se são raras em jogos entre times das primeiras divisões, são ainda menos prováveis em finais.

O jogo de volta, esta semana, na Arena da Baixada, em Curitiba, apresentou um Athletico assustado com a possibilidade de sofrer nova goleada, tentando impor-se com a mesma agressividade e descontrole.

A Copa do Brasil termina com destaque para o futebol de estilo clássico praticado pelo Galo. Fico até pensando em compará-lo com o do Palmeiras, um time atualizado com os recursos modernos, que fez a opção por um técnico sintonizado com estratégias complexas, que lançam mão de recursos tecnológicos.

Os mineiros, protegidos detrás das ­alterosas, continuam agachados pitando seus cigarros de palha, enquanto a “boia” continua quentinha nos encantadores fogões a lenha. Mas seguem, ao mesmo tempo, sintonizados com o ritmo da vida atual. “negociando” com o mundo todo.

Trouxeram tanto o Hulk e o Diego Costa – tinham feito isso antes com o Ronaldinho Gaúcho – quanto passaram a peneira entre os hermanos sul-americanos, contratando Vargas e Zaratti. O time soube, com olho clínico, descobrir jovens talentos como quem fareja bons negócios.

O clube paranaense, por sua vez, sempre teve ilusões germânicas. Chegou a trazer o ídolo alemão Mathaus e imprimir um jogo decididamente de inspiração europeia. Mas, no jogo do Mineirão, o Athlético não compareceu e limitou-se a impedir seu homônimo de jogar.

Com a vitória sobre o Athletico Paranaense, o Galo completou a Tríplice Coroa em 2021

Ainda no primeiro tempo, todos os jogadores de sua defesa estavam pendurados, fazendo faltas bruscas. Os jogadores estavam claramente perdidos em campo. O Galo ganhou andando. O jogador paranaense mais avançado, Kayser, foi recuando a ponto de virar zagueiro, cometendo também faltas agressivas.

Na entrevista dada logo após o primeiro tempo – encerrado em 2 a 0 –, o excelente Keno demonstrou grande confiança, anunciando que os atleticanos precisavam manter o ritmo para fazer mais gols e garantir a vitória. Agachado à beira do campo, o treinador não dava um “pio” sequer.

E assim chegamos ao encerramento de 2021, ano difícil no esporte e na vida em geral. O balanço final apresenta, no futebol, a confirmação dos melhores times: Palmeiras e Atlético Mineiro.

Enquanto, no plano internacional, terminamos o ano com uma nova tentativa de alteração de rumo, com a pretensa união da Uefa e da Conmebol, por aqui, vemos a temporada encerrar-se com uma intensa movimentação. O futebol S/A vai assim dando suas caras no Brasil. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1188 DE CARTACAPITAL, EM 16 DE DEZEMBRO DE 2021.

ILUSTRAÇÃO: PEDRO SOUZA/CLUBE ATLÉTICO MINEIRO

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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