Opinião

Como um Pedro Álvares Cabral, descubro o Brasil das lives que dão rios de dinheiro

Com o isolamento social para prevenção ao ‘novo’ coronavírus, marcas começam a se interessar em patrocinar tais vídeos e locuções

Gusttavo Lima (Reprodução/ Youtube)
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Costumo brincar muito nos textos. Jeitão de escrever crônicas, mesmo quando estou tratando de assuntos sérios, política, economia e, mais frequentes, agropecuários. Pouco uso o que me enviam pela internet. Penso que nela basta eu, os amigos, mais três ou quatro sites de acesso diário, além dos Google e Wikipedia, como fontes de pesquisas.

Tampouco, compartilho tudo o que me encaminham. Consta eu ter perto de 700 amigos. Um a um? Nem por … Cansei de fazê-lo e ouvir que era notícia velha ou fake.

Mas, hoje, como um Pedro Álvares Cabral, descubro o Brasil.

Fazer “lives”, podcasts, shows na internet, dá dinheiro. Com o isolamento social para prevenção ao “novo” (como foram treinados apresentadores da Globo, ao se referir ao coronavírus, e ressaltar que houve velhos, o que agradeço na parte que me toca), marcas começam a se interessar em patrocinar tais vídeos e locuções.

Ôpa! Como nunca fiz dinheiro nas mídias digitais, interessei-me em ler a matéria de Bruno Villas Bôas (Valor, 22/04, pg. B8) e avaliar se arrancava um dinheirin’ (saudades mineiras) dessa onda.

Ora pois, pois, frustrei-me. Não canto, danço, ator de teatro nem pensar, beleza ficou na juventude, e quando arrisco transmissões ao vivo falando da empresa (no Vasco, viu?) criticam-me por ser monocórdico.

Na matéria, vinda do Rio de Janeiro, nosso estimado Bruno cita que a máquina de cartões Stone decidiu patrocinar a cantora sertaneja Marília Mendonça (peço perdão por não conhecer augusta figura de nossa cultura).

Ela transmitiu de sua casa, em Goiânia, e arrecadou audiência de mais de 3 milhões de pessoas, simultaneamente. Os shows desses sertanejos costumam ser feéricos, cerca de 100 pessoas no palco, entre músicos e dançarinos(as), estrondosas e gigantescas caixas de som, telões. Pensei, ‘cacete, imagina o tamanho da sala de Dona Marília’.

Lá de cima, Alfredinho Bip-Bip me joga a luz: “playback, sua besta!” Agradeço ao membro do Conselho Consultivo de meu blog no GGN.

Na esteira do negócio, claro que humanitário, através de fundações, já entraram Sandy e Júnior, com doações para mais de 6 mil instituições de caridade, apoio das Casas Bahia e Elo.

 

A Ambev gostou e foi de Gusttavo Lima, sertanejo que também desconheço (vejam o duplo t). Pico de audiência, 731 mil pessoas.

As empresas Coca-Cola e Cisco promoveram um festival “One World: Together at Home”. Não há informação da presença de música sertaneja “muderna” no evento. Provavelmente, fariam sucesso.

Um empresário do setor de entretenimentos exalta a capacidade do brasileiro em ser criativo e “se reinventar”. Afirma que, “mesmo depois da pandemia, a tendência irá permanecer”.

Permanecer? Desde o surgimento da mídia digital isso existe, sem que o planeta precisasse passar por uma pandemia. Portais e sites importantes sempre tiveram patrocínio. No exterior, acontece há mais de 30 anos.

Mas, pensando melhor, se os brasileiros, em prazo igual, não conseguiram entender quem seria o Regente Insano Primeiro, no governo, não é de espantar que, mais uma vez, chegaríamos atrasados.

Assim como se quer refundar os partidos políticos.

Por que não textos mais límpidos e consequentes como o de Mino Carta, sobre o estadista Francisco, na última edição da impressa desta CartaCapital?

Não? Então, se querem saber de saúde, perguntem ao mudo Teich. De meio ambiente, ao playboy Ricardo Salles, de geopolítica, ao Shrek, Ernesto Araújo, de direitos humanos a Tinder Damares, de ciência e tecnologia, ao astronauta, de mudez ao justiceiro Sérgio Moro, de agropecuária a Tereza Cristina, de estupidez ao Regente Insano Primeiro (RIP), espalhador de pandemias.

Sobre agropecuária e agronegócios, entrem na página da Biocampo Desenvolvimento Agrícola (no Vasco) para minhas transmissões ao vivo.

Há quarenta dias não visito a fábrica. Quebro, mas não morro. É isso? Repeteco da tragédia que patrões me fizeram em 1998?

Inté!

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