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Com que roupa eu vou?

Apesar dos altos e baixos, o mercado de vestuário no Brasil continua a atrair grandes marcas internacionais

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Foto: Fast Company/Auxins/iStock
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O mercado brasileiro de vestuário está em ebulição e mudança. O varejo tem se adaptado às altas dos juros, agido para reduzir a dependência de financiamento para a formação de estoques e investido em tecnologia para melhorar a experiência de consumo. Apesar de concorrido, ainda atrai grandes marcas. É o caso da H&M, grupo sueco de varejo que anunciou a implantação de três lojas no País, além do início de suas operações no e-commerce local.

Todas as unidades da H&M serão instaladas em São Paulo, duas na Capital e uma em Campinas. O objetivo é começar a operar no terceiro trimestre e aproveitar as vendas da Black Friday. A marca tem 3,7 mil pontos de venda em 78 países, dos quais nove na América Latina. As unidades de São Paulo, nos shoppings Iguatemi e Anália Franco, servirão ainda para avaliar a adesão e o perfil dos consumidores brasileiros. São dois shoppings com perfis distintos: um popular e o outro elitizado.

A H&M chega durante uma fase em que os concorrentes se mexem e mostram as garras. A C&A, que atua no Brasil há 48 anos, está em um momento de pacificação com o mercado. Os investidores têm recebido dos especialistas recomendações de compra das ações da empresa. Os papéis se valorizaram com a divulgação dos resultados do quarto trimestre do ano passado, quando o lucro líquido divulgado foi 60% superior ao do mesmo período de 2023. Um total de quase 255 milhões de reais. A receita líquida no ano foi de 7,6 bilhões. As vendas cresceram ao redor de 14% nas 300 lojas da rede e no e-commerce.

A Renner também está em fase agressiva. Acaba de colocar na rua a nova campanha publicitária com o posicionamento “ouse ser você”. E acaba de anunciar Taís Araújo como a nova embaixadora da marca. A atriz é a estrela do remake da novela “Vale Tudo”. A Renner projeta investimentos de 850 milhões de reais e a abertura de novas lojas com as marcas Renner e ­YouCom. Ao todo o grupo possui mais de 600 unidades no que chama de “Ecossistema Renner”, que envolve todas as suas bandeiras. É a maior varejista de moda do País.

A disputa pelo mercado brasileiro deve esquentar nos próximos anos. O tamanho da população, a recuperação de renda e um mercado em que o consumo de vestuário representa mais de 160 bilhões de reais, de acordo com o IPC MAPS, vale qualquer disputa.

Alumínio

Dia sim, dia não, os brasileiros têm uma latinha na mão. Este poderia ser o ­slogan das latas de alumínio no Brasil, que chegaram em 2024 a um volume de vendas de 34,8 bilhões de unidades, de acordo com a Abralatas, entidade que representa o setor. Em 35 anos, as latas de alumínio passaram de alternativas para reinarem absolutas em diversos segmentos. E devem crescer mais.

O mercado de cerveja é o mais disputado pelo setor de embalagens de alumínio e vidro. A produção anual, ao redor de 15,4 bilhões de litros, é determinante para ambos. No caso das latas, ele responde por cerca de 80% do volume de negócios. O setor cervejeiro preferia as embalagens retornáveis por oferecerem uma barreira logística contra pequenas marcas. Embalagens retornáveis exigem entregar e buscar os vasilhames para serem reutilizados e novamente distribuídos. Os consumidores travavam discussões acaloradas sobre qual a melhor embalagem para a bebida. Tudo foi superado pela experimentação e experiência positiva do consumo

Na pandemia, as latas viajaram até as casas dos consumidores. Os jovens se acostumam com as latas desde a infância. As marcas rapidamente se adaptaram a essa realidade. Dados do mercado indicam que a lata está bem à frente no segmento das cervejas low price, onde chega a mais de 64%. O vidro tem folga no segmento premium, cerca de 63% contra 37%. A distância é grande, mas em 2024 ela ficou 4% menor.

O País tem hoje 25 fábricas de latas de alumínio. Uma nova unidade será instalada em Poços de Caldas, Minas Gerais. O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo no consumo desse tipo de embalagem.

A folia das latas

O Carnaval é um momento de pico de vendas para bebidas. Com o consumo elevado em ambientes públicos, as bebidas prontas para consumo, chamadas de RTD, ganham visibilidade e experimentação. Mas o resultado deste ano surpreendeu. As vendas, segundo o Monitor Semanal NielsenIQ, subiram mais de 91% em comparação com o ano anterior. A quase totalidade dessas bebidas estão em lata. Outras bebidas também apresentaram crescimento, como energéticos (27,5%) e cervejas (23,7%). •

Publicado na edição n° 1356 de CartaCapital, em 09 de abril de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Com que roupa eu vou?’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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