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Cinema e futebol

Não só Fernanda Torres, mas muitos comentaristas compararam o significado da conquista do Globo de Ouro à vitória na Copa do Mundo

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Brazilian actress Fernanda Torres poses with the Best Performance by a Female Actor in a Motion Picture – Drama award for "I'm Still Here" in the press room during the 82nd annual Golden Globe Awards at the Beverly Hilton hotel in Beverly Hills, California, on January 5, 2025. (Photo by Robyn Beck / AFP)
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Na primeira semana do ano, a primeira notícia relacionada ao esporte brasileiro veio do cinema, com a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, premiação realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Não só a ganhadora do troféu de melhor atriz, como também outros conceituados comentaristas da área cultural, especialmente cinematográfica, compararam o significado da conquista e das comemorações por ela gerada com aquelas de uma Copa do Mundo.

A importância dessa conquista teve reflexos no ânimo da nossa população.

Ela chegou em uma hora fundamental das nossas vidas, e praticamente ao mesmo tempo que, do mesmo território estadunidense, chegam as declarações estapafúrdias e perigosíssimas do presidente eleito, Donald Trump.

A elevação da nossa autoestima é algo precioso no momento em que discutimos, mais uma vez, o rumo contrário: o da afirmação da descolonização, da autodeterminação e da nossa independência.

A grande repercussão da conquista de Fernanda Torres e do filme Ainda Estou Aqui representa um importante estímulo para toda a cultura brasileira – e, nisso, incluo também o esporte.

O futebol brasileiro, por sua vez, precisa retomar sua posição de liderança entre os países mais destacados do cenário global, especialmente em um contexto onde a “indústria do esporte” se expandiu significativamente.

O crescente interesse de diferentes nações – entre elas, os países árabes e os Estados Unidos – nesse mercado tem mudado ainda mais o jogo.

Mas, como bons brasileiros que somos, continuamos com a energia das festas de fim de ano, já pensando no Carnaval e aplaudindo nossos heróis esportivos, como o Gabrielzinho da natação, que simboliza a alegria e o entusiasmo do nosso esporte.

É, no entanto, hora de “botar a bola no chão” e focar na recuperação da nossa performance esportiva.

A temporada futebolística, no Brasil, começa com a virada do ano – ou seja, num momento diferente daquele seguido pelos países do Hemisfério Norte.

Neste início de janeiro, as atenções já começam a se voltar também para a tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior.

A competição, com sua fase inicial irregular, só ganha intensidade à medida que se aproximam as finais. A expectativa é grande para as novas revelações que podem daí surgir.

Enquanto isso, as transferências de jogadores continuam em ritmo acelerado, com alguns clubes promovendo mudanças massivas em seus elencos.

As pré-temporadas começam a ser realizadas, seja nos próprios centros de treinamento de clubes com boa infraestrutura, seja no exterior, onde já acontecem amistosos e torneios promocionais.

Como já disse aqui outras vezes, a situação do futebol brasileiro não pode ser analisada sem considerar os problemas que afetam o esporte como um todo.

A crise no calendário esportivo é uma questão crucial. A programação excessiva de jogos tem gerado protestos, em todos os níveis, relativos às condições desumanas impostas aos atletas.

No fim do ano, tivemos o exemplo do Botafogo, que viajou ao Catar para um torneio, com todos os jogadores extenuados.

Além disso, a recente mudança no formato de administração dos clubes, com o modelo das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), gerou novas discussões.

Um dos riscos que temos visto a partir das SAFs – e que foi apontado pelo cronista esportivo Carlos Eduardo Mansur – é o risco do “culto à personalidade” decorrente da ascensão de figuras messiânicas à frente dos clubes.

Isso me faz lembrar de uma conversa que tive quando o Botafogo foi vendido.

Comentei com um amigo: “Por que não vender para os Moreira Salles, banqueiros conhecidos por serem alvinegros e sempre apoiarem o clube?”

A resposta foi que eles preferiam não misturar paixão com negócios. A questão é complexa, e vemos agora o impacto dessas novas estruturas de gestão no futebol.

Curiosamente, e já que me dispus a misturar futebol e cinema nesta coluna, veio de um Moreira Salles, o Walter, o filme que nos trouxe tanta alegria nesta semana. •

Publicado na edição n° 1344 de CartaCapital, em 15 de janeiro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Cinema e futebol’

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