Jaques Wagner

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Senador (PT-BA). Foi governador da Bahia (2007-2015) e ministro do Trabalho (2003-2004), Defesa (2015) e Casa Civil (2015-2016).

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Celeiro tecnológico

Com os robustos investimentos do governo Lula em ciência, o Brasil tem a chance de se reindustrializar em novas bases

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Foto:Fábio Rodrigues Pozzebom/ABR
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Os recentes anúncios da implantação do Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia e do novo campus do Instituto Tecnológico da Aeronáutica no Ceará são mais uma prova do total comprometimento do presidente Lula com a missão de colocar a ciência de volta ao patamar de prioridade no Brasil. Após um período de irresponsável negacionismo e de um completo apagão de investimentos nesta área vital para o desenvolvimento de qualquer nação, voltamos a ter um governo que valoriza a ciência, a inovação, a pesquisa e a educação.

Durante o evento de lançamento do Parque Aeroespacial em Salvador, foram assinados convênios com empresas especializadas na produção de equipamentos de ponta, como veículos aéreos guiados por Inteligência Artificial, hardwares, softwares, satélites e drones. O Parque é fruto de uma parceria entre o governo federal, por meio do Ministério da Defesa, o governo da Bahia e o Senai Cimatec.

Estamos falando de um complexo de altíssima tecnologia, futurista, pensado especialmente para a nossa juventude, que está hoje nas universidades e poderá ser acolhida neste verdadeiro santuário do desenvolvimento aeroespacial. Além da geração de conhecimento e riquezas, tenho certeza de que o Parque contribuirá também para a boa formação profissional de muitos brasileiros e brasileiras.

O Parque representa ainda o ingresso do Brasil no mercado aeroespacial, setor que movimentou, apenas em 2023, 807,7 bilhões de dólares, valor que poderá chegar a 1,4 trilhão até 2032. A expectativa é de que ele comece a funcionar no primeiro semestre de 2025.

No mesmo sentido, Lula esteve no Ceará para o lançamento da pedra fundamental do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, com a primeira unidade construída fora de São José dos Campos, no interior paulista. O novo campus do ITA será erguido na Base Aérea de Fortaleza. O primeiro vestibular será realizado ainda este ano e a nova unidade vai oferecer dois novos cursos estratégicos e inovadores, que não constam da grade da tradicional escola paulista: Engenharia das Energias Renováveis e Engenharia de Sistemas. Para concretizar a iniciativa, o Ministério da Educação e o governo do Ceará  assinaram convênio de 50 milhões de reais para a primeira etapa da obra, que receberá ainda 30 milhões em 2024 e 35 milhões em 2025.

A visão de um país como ponto focal de novas tecnologias para o mundo foi reforçada com o Programa Mais Inovação, coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Serão investidos 60 bilhões de reais até 2026 para ações de apoio a empresas de todos os portes e projetos inovadores desenvolvidos em parceria com Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs).

O Mais Inovação está integrado ao plano Nova Indústria Brasil, lançado nos últimos dias, uma política de Estado focada na chamada neoindustrialização – etapa histórica de desenvolvimento para impulsionar o crescimento econômico a partir de uma indústria moderna e inovadora.

Na ocasião, a ministra Luciana Santos anunciou a abertura de 11 chamadas públicas do Mais Inovação no valor de 2,18 bilhões de reais, para projetos vinculados à nova indústria, incluídas as áreas de semicondutores, tecnologias digitais, agro, defesa, mobilidade sustentável e aérea, resíduos urbanos e industriais, saúde, energias renováveis e bioeconomia.

Antes de se voltar aos projetos, o presidente Lula preocupou-se em garantir o bem-estar dos cientistas e pesquisadores. Por isso, logo no segundo mês de gestão, o governo federal reajustou as bolsas do CNPq e da Capes, congeladas havia dez anos. O aumento foi expressivo: 40% para mestrado e doutorado, 25% para pós-doutorado, 75% para iniciação científica e 200% para iniciação científica júnior. Os reajustes elevaram a renda de cerca de 260 mil bolsistas. O governo também atualizou as bolsas de fomento tecnológico e extensão em até 94%, beneficiando 6,5 mil estudantes.

Outra notícia muito importante: o governo Lula anunciou, em julho de 2023, a volta do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), órgão de assessoramento da Presidência da República que promove o debate entre a comunidade científica, a sociedade e o setor produtivo. A última reunião do CCT havia ocorrido em 2018. Agora, a sociedade civil organizada volta a ter voz ativa na definição de políticas públicas para o setor.

O movimento do governo Lula em direção a um Brasil da ciência, da tecnologia e da inovação tem um potencial histórico inédito, que pode transformar o País profundamente. Já somos reconhecidos como celeiro de alimentos do mundo. Agora, temos a oportunidade de galgar alguns degraus para assumirmos também a posição de celeiro mundial de tecnologia de ponta. Só depende de nós. •

Publicado na edição n° 1295 de CartaCapital, em 31 de janeiro de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Celeiro tecnológico’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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