Sergio Takemoto

Presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae)

Opinião

Caixa precisa resgatar seu papel social e ajudar a reconstruir o Brasil

Com dedicação dos trabalhadores, o maior banco público da América Latina completa 162 anos como símbolo de resistência das estatais 

A Caixa tinha três subsidiárias. Agora tem dez. (FOTO: Mauro Pimentel/AFP)
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No dia 12 de janeiro a Caixa Econômica Federal comemora 162 anos e precisamos comemorar. A chegada de um novo governo e a retomada da democracia trazem a esperança do banco resgatar seu papel social, como uma empresa forte, valorizando seus empregados e atuante na reconstrução do país. 

A Caixa é um símbolo de resistência. Fundada em 1861 como Caixa Econômica da Corte, seus primeiros propósitos foi o incentivo à poupança. Escravizados viram no banco a oportunidade de poupar e enfim conseguir a alforria. É por isso, que desde o nascimento, as questões sociais são tão caras ao banco público.

Nos últimos anos, o papel social da Caixa foi desvirtuado. O estrago não foi maior graças a atuação da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), entidades representativas e trabalhadores. 

Em 2022, a Caixa sofreu um dos piores episódios de sua história. Empregadas do banco denunciaram o então presidente Pedro Guimarães de assédio sexual. O escândalo mostrou a face da gestão pelo medo vivida pelos trabalhadores, já denunciada pela Fenae. Corajosas trabalhadoras revelaram atitudes repugnantes do ex-gestor e ouviram de Bolsonaro uma declaração repulsiva: “não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher”.

Nas eleições, o maior banco público da América Latina foi usado como palanque sem constrangimento. Em agosto, o governo lançou o Caixa pra Elas, com visitas de ministros em agências por todo país para a divulgação do programa.

Outra ação desastrosa foi a liberação do consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, com uma taxa de juros de 3,45%. Apenas 0,05 ponto percentual a menos que o teto definido pelo governo e maior que taxas cobradas em outros tipos de empréstimos. 

O governo deliberadamente endividou os beneficiários. Uma verdadeira perversidade com a população, uma financeirização das políticas públicas. Mais um uso político descarado da Caixa por Bolsonaro e uma herança maldita que essa gestão deixou para 2023.

Agora é o momento de retomar a papel essencial dos empregados para o país. A Caixa social será mais forte com o reconhecimento dos trabalhadores e direitos mantidos.

A dedicação dos empregados da Caixa fez o auxílio emergencial chegar às mãos de quem mais precisou de recursos para enfrentar a pandemia. Mesmo sobrecarregados eles foram imprescindíveis para manter a instituição de pé. 

Frente a tantos ataques, a Caixa sobrevive. Temos bons motivos para ver um grande futuro para o banco público. O governo Lula indicou para a presidência da estatal uma representante dos trabalhadores. Rita Serrano acompanhou de perto, como conselheira de Administração, a tentativa de desmonte da Caixa e como seu principal ativo, os trabalhadores, foi levado à exaustão.

Mais que o banco da matemática, a Caixa é um banco público, fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas sociais, excluídas por quatro anos do planejamento do país. Neste aniversário, nós empregados da Caixa queremos ser valorizados e retomar a posição tão importante conquistada pela Caixa, o de servir ao povo brasileiro.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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