Cadáver insepulto

O estranho caso da força-tarefa que, mesmo morta, completa 10 anos de vida

Créditos: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - Arte: Larissa Fernandes/Agência Pública

Apoie Siga-nos no

Não há como falar da política brasileira recente sem se dedicar a compreender a Operação Lava Jato, que veio a público há dez anos e desencadeou uma série de eventos que, se não se reduzem aos seus desdobramentos, tampouco podem ser compreendidos a despeito da sua existência. O malfadado impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, a prisão do então pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva e a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, em 2018 – tudo tem a marca daquela força-tarefa cujo papel histórico é ainda hoje disputado.

A Lava Jato foi uma força-tarefa de combate à corrupção. Os investimentos dos governos do PT – pasmem! – no reforço da burocracia de controle redundaram na adoção de um modelo de combate à corrupção que dava primazia à via criminal e reservava protagonismo à polícia, ao Ministério Público, aos magistrados e aos tribunais. A primeira operação integrada foi deflagrada uma década antes da Lava Jato, que viria a se tornar a maior expressão do modelo de forças-tarefas de combate à corrupção no País. Nesse sentido, a Lava Jato é uma novidade institucional, mas ela é mais que isso.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 24 de março de 2024 23h05
A Lava Jato foi um palco a serviço das elites para promover a destruição dos governos populares petistas ao invés de servir para o combate à corrupção mesmo. Se os governos Lula 1 e 2 e Dilma 1 e 2 , os investimentos nas políticas de segurança e de justiça foram consideráveis para ajudar a combater a corrupção, parte das nossas elites, se utilizaram do empreendimento governamental nessas áreas para atacar o próprio governo. Depois vimos um impeachment de Dilma , a prisão de Lula, eleição de Bolsonaro e a corrupção no país só aumentou. A Lava Jato foi orquestrada por agentes públicos que corromperam a República. O jurisconsulto romano Cícero afirmou fazer mal à República, os agentes públicos corruptos , pois infundem os próprios vícios a toda sociedade. Já Platão afirmava que a punição com o afastamento da vida pública deles é essencial para fixar uma regra proibitiva em defesa dos interesses do Estado. Assim, vimos agentes públicos da Lava Jato corromperem o sistema judiciário e destruindo reputações de governos e agentes de Estado provocando um mal estar no sistema político em prol dos seus interesses, prejudicando o país através do poder judiciário a fecharem empresas que consequentemente foram forçadas a demitirem milhões de trabalhadores, descrédito dessas empresas, um processo de desindustrialização com intensa crise política, econômica e social a fim de amealharem prestígio e dinheiro público. E ainda têm a cara de pau, o senhor Deltan Dallagnol, Rosângela Moro e seu cônjuge Sérgio Moro de se candidatarem a cargos políticos através do que sempre combateram, a própria política numa espécie de contradição e esquizofrenia cínica e hipócrita.

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.