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Atletas paralímpicos

O início da Paralimpíada, em Paris, é uma boa oportunidade para nos educarmos todos sobre as formas de tratamento das pessoas com deficiência

Atletas paralímpicos
Atletas paralímpicos
Gabrielzinho celebra a conquista em Paris - Foto: Alexandre Schneider/CPB
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Com o início da Paralimpíada de Paris foi dada também a largada para uma campanha que busca esclarecer, mais uma vez, os desvios de tratamento na abordagem dos atletas paralímpicos.

Começo aqui por lembrar que os atletas são competidores e não participantes e que é equivocado dizer que são exemplos de superação.

É preciso, de uma vez por todas, superar-se qualquer ideia que remeta a um sentimento de pena. Eles são, reconhecidamente, atletas de alto rendimento.

Outra expressão inadequada para referir-se aos atletas é “portadores de necessidades especiais”. O correto é dizer pessoa deficiente, expressão que deixa claro que deficiência é uma característica.

Como disse uma atleta: “Ninguém porta deficiência. A pessoa tem deficiência”.

Esse e mais alguns ensinamentos devem colocar os torcedores, e mesmo repórteres e apresentadores, nos eixos, corrigindo os deslizes e descuidos habituais.

E sabemos que, em termos de esportes paralímpicos, o Brasil é potencia mundial. Há muito tempo o País termina as competições entre os dez primeiros colocados.

Esses resultados expressivos se devem à Lei Agnelo/Piva, de 2001 – que estabelece que 2% da arrecadação bruta das as loterias federais seja repassado aos comitês Olímpico e Paralímpico brasileiros – e à construção, em São Paulo, de um Centro de Treinamento apropriado para mais de 15 modalidades.

Também é importante observar que nada disso seria possível se não tivessem sido desenvolvidos mecanismos de acessibilidade e soluções arquitetônicas adequados.

A propósito desse tema, observo aqui que vi uma reportagem, na tevê, na qual eram mostradas as dificuldades da acessibilidade na própria Paris – provavelmente por ser uma cidade bastante antiga.

Mas os Jogos Olímpicos de 2024 devem servir de alavanca para facilitar a vida daqueles que, na capital francesa, precisam de tais recursos.

Sinto-me bastante feliz com o sucesso dos nossos atletas também pelo fato de ter trabalhado alguns anos no Centro de Reabilitação Profissional, como médico do INSS, no Rio de Janeiro, e acompanhado o início da evolução de algumas iniciativas.

Dentre elas, destaco o futebol de deficientes visuais na quadra da Escola de Educação Física do Exército, na Urca, e o futebol de amputados treinado, em condições difíceis, por Uchoa, lateral do América do Rio, com extraordinário desprendimento.

Tive o prazer de encontrar pelas ruas pessoas que tiveram a oportunidade de receber próteses apropriadas relatando, com alegria, suas trajetórias e vitórias nos campos desportivos.

Vamos agora torcer para que na Paralimpíada, que teve início na quarta-feira 28 e segue até 8 de setembro, nossos atletas consigam realizar-se.

Enquanto isso, ao mesmo tempo que os “Brasileirões” masculino e feminino avançam, o futebol europeu ensaia seu início de temporada.

A Federação Internacional de Futebol (FIFA), por sua vez, anuncia aquilo que já se previa para 2025: um campeonato mundial com 32 times espalhados pelos quatro continentes, sendo realizado nos Estados Unidos, e que já conta com 30 classificados.

O sistema de disputa será o da divisão em grupos, com a classificação inicial de dois times, seguindo-se depois o esquema de mata-mata e a final em jogo único.

O Brasil conta com três participantes confirmados: Flamengo, Fluminense e Palmeiras. A classificação se deu de acordo com os desempenhos nas Libertadores dos quatro últimos anos.

Aqui do nosso lado, novidade mesmo é o Fortaleza assumindo a liderança do “Brasileirão” na sequência do belo trabalho desenvolvido pela direção administrativa e pelo técnico argentino Voyvoda.

Daquilo que temos a lamentar, seguem as queixas em torno do calendário apertado demais.

E surge ainda, em meio a isso, a ­triste notícia da parada cardiorrespiratória – associada a arritmia cardíaca – que acometeu o zagueiro uruguaio Juan ­Izquierdo, durante a partida do Nacional contra o São Paulo, no Morumbi.

O atleta morreu nesta terça-feira 27, na UTI do Hospital Albert Einstein, ­para onde havia sido levado na quinta-feira 22, quando passou mal durante o jogo válido pela Libertadores.

Foram chocantes as cenas de um ­companheiro procurando ampará-lo enquanto ele perdia as forças. •

Publicado na edição n° 1326 de CartaCapital, em 04 de setembro de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Atletas paralímpicos’

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