Randolfe Rodrigues

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É senador pela Rede/AP, professor, graduado em História, bacharel em Direito e mestre em Políticas Públicas.

Opinião

Ataques de Bolsonaro à imprensa e perseguição a jornalistas são estímulos às fake news

O objetivo, de feições totalitárias, é impedir as críticas e a denúncia das mazelas deste governo

O presidente Jair Bolsonaro (Foto: Evaristo Sá/AFP)
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O ano de 2020 será especialmente desafiador no combate às fake news quando pensamos nas eleições municipais marcadas para outubro. Basta recordarmos 2018 e a avalanche de notícias falsas e distorções de fatos utilizados na disputa eleitoral, relegando o debate de ideias e projetos – fundamental em qualquer eleição – a um segundo plano. As consequências são diversas e os maiores prejudicados são o povo e a democracia, sem falar nas reputações atacadas.

Fui vítima de fake news ao longo da minha campanha para reeleição ao Senado Federal e, mesmo após o pleito, sigo sofrendo com a prática. Os métodos são sofisticados, muitas vezes com montagens de vídeos profissionais, fazendo recortes e montagens para desvirtuar declarações reais, mas que nada tem a ver com as falsas informações propagadas. O objetivo é interditar o debate e consequentemente enfraquecer a democracia ao tentar calar vozes contrárias.

A enxurrada de notícias falsas com objetivo de influenciar a disputa eleitoral é algo tão grave que foi objeto de discussões na Câmara e Senado, resultando em uma nova legislação que endurece as penas para quem divulga fake news com objetivos eleitorais. O dispositivo foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro – nenhuma surpresa – mas sessão do Congresso Nacional derrubou o veto. Não significará o fim da prática, mas é algo para ser comemorado.

Paralelamente, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito investiga a máquina de notícias falsas que contamina as redes sociais. A base governista se esforça para tumultuar os trabalhos, mas informações importantes já foram compiladas na CPMI. Entre elas, o uso de dinheiro público para difusão de fake news e a denúncia de que dentro do Palácio do Planalto funcionaria uma célula da milícia virtual responsável por espalhar notícias falsas.

Os ataques de Bolsonaro à imprensa livre e a perseguição a jornalistas servem como estímulo para os criadores de fake news, legitimados pelo discurso mentiroso do presidente. O objetivo, de feições totalitárias, pretende impedir as críticas e a denúncia das mazelas deste governo, o maior retrocesso na história republicana brasileira. Mas se acham que nos amedrontam, saibam que as mentiras são apenas a oportunidade para que mostremos a verdade que tanto os apavoram.

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