Opinião

As únicas coisas que prosperam no Brasil são as asneiras de Bolsonaro

O desgoverno que chega ao seu sétimo mês é um retrato do caos, com estagnação econômica e desemprego

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Diferentemente das promessas feitas durante a campanha eleitoral – quando se gabava de que iria resolver todos os problemas da economia brasileira entregando o ministério para o ultraliberal Paulo Guedes –, o desgoverno Bolsonaro, que chega ao seu sétimo mês, é um retrato do caos, com estagnação econômica e desemprego. Há, de acordo com especialistas das mais variadas vertentes, uma queda vertiginosa na maioria dos indicadores sociais e econômicos. As previsões do Produto Interno Bruto deste ano recuaram pelo segundo trimestre consecutivo e já indicam um quadro de recessão técnica.

O PIB, que havia recuado 0,2% no primeiro trimestre, quando comparado com os últimos três meses de 2018, apresentou indício de um novo recuo de 0,13% entre abril e junho, segundo o IBC-Br do Banco Central, uma espécie de prévia dos dados oficiais do IBGE. Os indicativos de crescimento também foram reduzidos mais de 20 vezes desde o início desta desastrosa gestão, atingindo a expectativa de apenas 0,8%. Os números mostram que, mesmo aprovada a reforma da Previdência, vendida pelo governo como solução mágica para a crise, o Brasil continua a afundar.

Na balança comercial, a diferença entre o que o Brasil exportou e importou gerou um saldo positivo de 26 bilhões de dólares no semestre, menor do que o resultado do mesmo período do ano passado (30 bilhões). O valor das exportações caiu 3,5%. No semestre, a produção industrial medida pelo IBGE recuou 1,6% na comparação com os seis primeiros meses de 2018.

Em poucas palavras: Bolsonaro acabou com direitos dos trabalhadores e não resolveu o problema econômico do País. Ao contrário, a situação só se agravou. Atrasos de pagamentos referentes a obras do programa Minha Casa Minha Vida – que hoje ultrapassam 60 dias e somam 500 milhões de reais somente na faixa 1 do programa – ameaçam diretamente o emprego de 200 mil trabalhadores de 512 empresas responsáveis por 900 empreendimentos de habitação popular em andamento no Brasil.

O rombo compromete principalmente as construtoras que atuam na chamada faixa 1, destinada a famílias com renda de até 1,8 mil reais mensais. O mercado sente os efeitos nas faixas 1,5 (renda familiar até 2,6 mil), 2 (até 4 mil) e 3 (até 7 mil) do programa, que também operam com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, responsável por 90% do desconto e do subsídio, enquanto a União garante os outros 10%.

E a tendência é que este cenário piore ainda mais com a Medida Provisória enviada no fim do mês de julho e cujos efeitos são imediatos. A MP cria novas modalidades de saque do FGTS e do PIS/Pasep e traz uma imensa cilada para os trabalhadores: o “saque-aniversário”. Quem fizer essa opção e retirar o porcentual permitido de sua conta ativa do FGTS, na “janela” do aniversário de abertura da conta, perderá o direito de sacar o saldo total depositado, inclusive em caso de demissão sem justa causa, por um período de até dois anos, a menos que faça a migração para outra modalidade. O “detalhe” é que o governo não tem divulgado essa informação.

Ou seja, você mexe na conta para tirar um pequeno valor e bloqueia todo o saldo por um período mínimo de dois anos, mesmo que dependa desses recursos para sobreviver. Outra consequência danosa será a retirada de recursos em massa do fundo, um dos principais financiadores de obras de infraestrutura.

Em meio ao desastre de seu governo, 13 milhões de brasileiros sofrem com o desemprego. Milhares de famílias reduzem o consumo, até em áreas consideradas essenciais, como alimentação e produtos de higiene.

E se os consumidores não compram, o comércio, consequentemente, não vende e a indústria não produz, ciclo que acarreta mais quedas no PIB. Números recentes repassados pelo mercado indicam que no segundo trimestre as vendas do comércio caíram 0,3%, o setor de serviços recuou 0,6% e a produção industrial reduziu 0,7%. Não são mentiras ou boatos. Trata-se de dados oficiais.

Incapaz de solucionar essa equação, Bolsonaro cobra a conta do povo. Em 2019, o governo anunciou dois cortes orçamentários que têm a educação como a área mais afetada. A pasta já perdeu 6,2 bilhões de reais. Houve queda no número de bolsas de pesquisa e o esvaziamento de ações para a educação básica. Investimentos federais para bolsas de alfabetização e apoio à educação integral foram zerados. Houve uma redução de 58% no número de alunos do Pronatec (educação profissional). 

Enquanto isso, Bolsonaro segue a falar asneiras nas redes sociais, gerando novas e intermináveis cortinas de fumaça para esconder seu verdadeiro objetivo, a destruição do Brasil.

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