Arapongas na linha

O escândalo da “Abin paralela” reforça a urgência de uma reforma do sistema de inteligência

Imagem: Antonio Cruz/ABR

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A arapongagem comandada pela gestão do governo Bolsonaro é algo que não se via no País desde a extinção do Serviço Nacional de Informações da época da ditadura. As investigações da Polícia Federal indicam que o governo utilizou o aparato da Agência Brasileira de Inteligência, órgão de Estado, para atender a interesses pessoais, como perseguir adversários políticos, avançar no projeto de poder e, ainda, municiar de informações privilegiadas integrantes da família Bolsonaro. O foco era produzir provas para a defesa na Justiça dos filhos do ex-presidente. Um esquema semelhante ao executado na ditadura e que colocou em risco vários preceitos democráticos, como o direito à privacidade.

Apesar da surpresa de muitos, sempre denunciei e combati essa atuação ilegal da Abin durante o governo Bolsonaro. A verdade é que esse crime nunca foi escondido. Em 2020, por exemplo, Gustavo Bebianno, que foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, denunciou em entrevista que o vereador Carlos Bolsonaro teria expressado a intenção de montar uma “Abin paralela”. As informações são de que centenas de cidadãos teriam sido monitorados por meio de um esquema sofisticado que envolveu, inclusive, o uso do software espião israelense First Mile. O sistema de geolocalização de dispositivos móveis foi utilizado sem autorização judicial para monitorar especialmente jornalistas, políticos, policiais e integrantes do Judiciário. Além de as informações servirem para o uso criminoso da família Bolsonaro, a espionagem pode ter permitido que dados sensíveis de milhares de brasileiros fossem compartilhados com órgãos estrangeiros que não precisam respeitar a nossa legislação sobre proteção de dados.

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